segunda-feira, 8 de novembro de 2010

E nem vem, Enem!

O Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, é a maior porta para universidades no nosso país, junto ao ProUni , programa universidade "para todos" , vem beneficiando alunos de baixa renda, e dando oportunidades que antes, não passavam de sonho. Nunca " na história desse país" foi tão fácil chegar ao nível superior ... bom, pelo menos até o novo Enem entrar em curso.
Desde 2009 uma nova versão do Enem foi apresentada, com muito mais questões, dois dias de prova sendo antes apenas um, e uma lingua estrangeira. Até ai, tudo bem, visando que Universidades Federais e até mesmo grandes Universidades Estaduais haviam aceitado o exame como sistema único de vestibular, ou sistema misto, se o exame seguisse o modelo antigo, alguns alunos possivelmente despraparados ingressariam nessas Universidades. Boa reforma, porém só na teoria. Logo no primeiro ano de novo Enem, tivemos um episódio trágico, onde a prova vasou, e estava sendo vendida. O que se seguiu foi o cancelamento da prova, que tinha data para ser aplicada, já que as universidades contavam com essa data para dar ínicio aos vestibulandos de segunda fase, ou mesmo os que já teriam concluído de primeira. A prova cancelada, segundo as Universidades Públicas em geral, estava muito fácil, em nível muito baixo comparada as provas de vestibulares tradicionais, então, a nova prova que seria aplicada um mês depois, veio em nível mais difícil. Mas já não seria aceita por algumas Universidades, por conta da data de aplicação não bater com o ínicio do ano letivo, ou seja, milhares de alunos foram prejudicados.
Eu não havia feito essa prova de 2009, por sorte evitei me frustar, por azar estava alienada demais vivendo uma vida que não era minha, coisas que acontecem quando você resolve namorar, enfim.
Assim como eu, muitos candidatos ao Enem 2010, ao verem o nível de dificuldade da prova aplicada no ano anterior, resolveram ingressar em algum curso preparatório pré-vestibular, tanto para obter um bom desempenho no Enem, como em outros vestibulares. Desde o ínicio do ano, estudando , perdendo noites de sono, deixando a vida social, para conseguir ingressar em uma boa Universidade, e o Enem ainda ajuda, pelo fato de que muitas dessas boas universidades são particulares, e pessoas como eu, não tem condições de se dar a tal luxo, e contam portanto com uma bolsa de estudos ou pelo menos uma bolsa parcial, aumentando as possibilidades, tanto em universidades públicas quanto privadas.
Primeiro dia de prova, você vê suas chances se iniciarem quando olha a sua volta e percebe que dos 4 milhões de inscritos, pelo menos 2 milhões não tem idéia do que estão fazendo, e nem querem ter. Dois dias em que as linhas de metrô estavam congestionadas, o trânsito estava tenso, e o país parava para assistir a mais um episódio trágicamente cômico. Priemeira prova, as habilidades de Ciências da Natureza e Ciências Humanas, estavam com seus respectivos gabaritos invertidos, mas eram somente nos temas, e não no conteúdo do gabarito ... falando vulgarmente, só os nomes estavam trocados, a porraaaa das bolinhas onde os alunos iriam preencher suas respostas, estavam normais. Os aplicadores das provas avisaram e instruiram devidamente como prosseguir. Mas como eu disse, pelo menos 2 milhões de candidatos nem sabia o que estava fazendo, sendo assim, boa partes desses inverteu as questões. Como se não bastassem os erros de gráfica e de alunos disperços, alguns alunos resolveram desafiar uma das principais normas da prova: usar o celular, conectar a internet. O Mec e o Inep flagraram alunos em tempo real, twittando, e por tweet, esses receberam a notificação de que a policia federal havia identificados seus aparelhos móveis, e estavam esses candidatos, desclassificados. Preciso ressaltar que um candidato que "twitta" do meio de um concurso vestibular, esta incluido nos milhões desinteressados? O problema é que quem nada tem com isso, paga o pato junto. Mas como desgraça pouca é bobagem, no Ceará, 21 mil provas foram impressas com erros, algumas sem opções de respostas, algumas com datas erradas , algumas com questões invertidas. O tribunal de Justiça local, pediu a anulação da prova, alegando que todos os candidatos haviam sido lesados pelos tantos erros de prova. O problema, é que 21 mil de 4 milhões, é uma porcentagem menor que o mínimo, 0,3% aproximadamente. Mesmo assim, a pressão foi feita, e Ministério da Educação teve que cancelar a prova. O Ministro diz que tentará reverter o caso, aplicando uma nova prova aos que foram prejudicados, já que são minoria. Mas, seria justo fazerem a mesma prova que já esta rodando de mão em mão? Uma nova prova, seria justo, tendo em vista que pode ser considerada mais fácil ou mais difícil que esta aplicada? Se for mais fácil, dirão que foram prejudicados os que fizeram a oficial, se mais difícil, injustiçados os que fizeram a nova. Uma prova em nivel igual é praticamente impossível. Agora ficamos aqui, esperando para ver o novo capítulo da novela do Enem, e saber, se "fodeu" mesmo, ou se terá jeitinho.
Perder dois dias, cansar a mente e o físico, aprender que feijão tropeiro é muito mais do que uma comida que eu não gosto, que Tirandentes parecia Jesus, que Júpiter perdeu sua rosca, que Monteiro Lobato era racista, que meu cahorro precisa de passaporte pra entrar na Europa, que eu ouvi a palavra MOL o ano todo e nem ao menos lembro o que significa, que química é c= chutei, que trigonometria me fode e PA me salva, que nas questões de linguagens eu lia um texto gigantesco para no fim ter de reler por conta do cansaço, e mais do que nunca, aprender que a palavra erro, logo será substituida pela palavra INEP.

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