sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Conceito da boneca inflável


Não é especificamente sobre uma mulher, ou só sobre mim. É sobre algo que todas sentem, algumas até a vida toda.
Em "O mal-estar na civilização", Freud explica algo que eu vou resenhar de uma forma tosca, até chegar no conceito inicial desse texto. Ele explica sobre instintos que nós humanos temos de fato, e que algumas pessoas ainda insistem em negar. Instintos dos quais abrimos mão, para poder viver em sociedade. Entre eles, está o instinto sexual. Algumas pessoas se negam a acreditar que temos instintos tão "selvagens". Mas temos, independente da interferência cultural, e do meio, temos.
O fato é : Homens tem de um jeito, e mulheres tem de outro. E não, não é machismo, é biológico, psicológico, antropológico e tudo o mais que você precise pra acreditar que existe. Somos animais racionais, mas ainda sim, animais. Mulheres tem instintos sexuais de proteção, de maternidade. Homens tem a necessidade do ato pela representação de este dar sequência a sua espécie  Logo, homens tem por natureza o "dom" do ato pelo ato.
Falando grosseiramente, o homem finge um relacionamento pra ter sexo, e ele só consegue isso porque a mulher precisa do sexo pra acreditar que tem um relacionamento, e assim caminha a humanidade.
Mulheres, por si só não sabem separar o coração da jeba, umas juram de pés juntos que são bem resolvidas o bastante pra conseguir isso, mas eu pessoalmente ponho minhas mãos no fogo, e aposto que na hora de dormir, dói não saber o que restou além da dúvida. E é justamente ai, que começa o conceito da boneca. Quando você se pergunta se já não está sendo usável demais, se o outro já deixou de ser cortês, já que sabe que ali, o coito é garantido. Não vejo problema algum em aceitar ser "a boneca". Apenas existe ai um limite: até que ponto você aguenta tentar separar o corpo do sentimento? E até que ponto você aguenta unir o falso sentimento em busca do corpo?
Seria mais fácil ceder ao instinto um pouco mais que fosse, mesmo que socialmente não fosse "aceitável", pra que as pessoas pudessem ser livres pra convidar umas as outras diretamente pra esse tipo de coisa, evitaríamos muitas noites de insônia em busca de respostas pra perguntas desse tipo.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Reciprocidade incompatível


Quando digo a palavra "amor" em qualquer frase que seja, ela tem sempre o sentido de amor coletivo, de família, amigos, animais de estimação, coisas assim. Amor foi a primeira palavra que eu consegui ler sozinha, quando tinha 4 anos. Mas esse outro amor, mais pessoal e direcionado, que foca alguém especial, eu não sei, não sinto que deveria também se chamar amor. Não é a mesma coisa! Nem é bonito. Não vejo beleza em sentir saudades ao ponto de sentir falta de ar, nem em ficar imaginando o que o outro está vivendo por ai, dando asas a imaginação; não acho bonito sentir ciúmes num nível em que parecem cortar cada um dos seus músculos com uma lâmina bem pequenininha. Não vejo beleza nenhuma em notar que em 7 bilhões de pessoas no mundo sempre venha a surgir uma com algo diferente, que você sente no toque, no gosto, no cheiro ... e vai perceber isso justamente quando não estiver sentindo o gosto em outro alguém. Não existe beleza em estar entre tantas pessoas amadas, e sentir-se só por faltar apenas uma pessoa que carrega consigo um amor inexplicável. Não existe beleza em esperar uma visita que não vem, uma ligação que não completa, uma mensagem que nunca chega. Não existe beleza em um amor tão egoísta, ao ponto de ser inimaginável que se divida.  Não é nada poético que o dia amanheça cinza mesmo que se faça sol, por se fazer ausente um sorriso, um único sorriso, nem é confortante fechar os olhos pra sonhar quando sabe-se que ao acordar, tudo estará acabado. Se eu pudesse comparar esse tipo de amor com algo, assemelharia a saltar de um penhasco; eu nunca saltei de um, mas só de fechar os olhos minha barriga congela com a sensação de que a única certeza, seria o fim.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Reconstrução;


- Vê! É uma bela noite ...

- É ?
- Olhe, não vê ?
- Ah, não quero.
- Me ouvir, pode?
- Sabe, agora não posso ...
- Tudo bem, se não ouve nem vê, ao menos sente?
- Desculpa, agora realmente não ...
- Ah, sim.


[Dói, remói e desloca. Sente, incomoda e desmaterializa. Não compreende, conforma-se; passa].


- Atrapalho?
-Não ...
- Ah, precisava falar. Aquele dia, bom me desculpe, eram problemas ...
- Entendo.
- Mas então, agora posso e sabe, eu sinto.
-  Também sinto ...
-Sente?
- Sim. Sinto muito por não sentir mais.

[ Refaz, repõe, reconstrói].