domingo, 31 de outubro de 2010

Vodka e raiva, proibam essa mistura.

Mulheres, de todas as cores, várias idades, pouco ou muitos amores. O fato, é que pouco, pode trazer frustrações, e uma mulher frustrada, vale como um caminhão desgovernado. Nesse instante, todos os músculos do meu corpo, estão vibrando frenéticamente contra mim, e não é frio. É ódio. Ódio de ter me tornado alguém tão melhor, ao ponto de tentar dialogar com quem não quer diálogo.
Sinto falta de quando, eu involutariamente fazia uma maldade e ria. De quando meu corpo reagia de acordo com a carícia, de quando eu não sentia remorsos, de quando eu agia calculadamente e fria.
Hoje sou focada, tão focada, ao ponto de achar que existem boas pessoas, ao ponto de achar que sou uma boa pessoa. Mas será que vale a pena?
Vale a pena sorrir, se o seu sorriso não agrada?
Vale a pena pedir por favor, pra evitar explodir?
Vale a pena achar que as coisas mudam?
Se não mudassem, eu não estaria tremendo agora, levaria algumas marcas, mas teria deixado a minha antiga marca. Porém, já faz algum tempo, eu não sei mais porque, mas sei que não vejo sentido em agir pelo impulso, seja ele bom ou ruim.
Deus sabe o esforço que eu faço, pra conter cada movimento, pra segurar cada palavra, pra evitar suprir minha necessidade de sair vencedora, mesmo que para isso alguém perca o sorriso. E ele sabe, a tamanha vontade que eu tenho, de ver esvair-se a vida, entre meus dedos, a vida de quem é injusto comigo. Sabe, que eu penso que o mundo, seria melhor se eu tivesse o poder, de decidir quem continua, e quem se despede. Eu diria adeus a tantas pessoas. Mas ele sabe, eu me esforço tanto, e o resultado, é levar para casa, indignação e repulsa.
Ele estava lá hoje, ele que eu vejo todos os dias no elevador do prédio , ele que me faz pensar em, o porque é tão difícil perguntar apenas "Qual seu nome?"
E provavelmente, eu nunca pergunte, não depois de hoje.
Ele me viu ser apedrejada, por algo que eu não fiz, como sempre. Sinceramente, quando eu fazia eu levava vantagens. Porque eu sabia extamente a hora do ataque, e estava armada e psicológimente forte. Ele me viu, como algo repulsivo.
Alguém vingou algo. Vingou algum remorso, algum rancor ... e eu, não sei qual. Sei que realmente, não tinha ao menos olhado na direção do tiro.
Poderia ter sido pior, poderia uma mulher, fora de sí, ter conseguido sucesso em me trancar num banheiro, e me bater a cabeça no vaso até que eu viesse a desfalecer. Poderia sim, mulheres são imprevisíveis...mulheres são mulheres. Mas, tenho mais nojo dos homens. Esses gostam de envaidecer o ego, e são capazes de por o próprio patrimonio em jogo, por um desejo não cedido. Ceder, eu não tenho culpa de não ceder meu coração, não a quem não me interessa.
Mas havia quem me despertasse interesse, havia, havia quem pega o elevador comigo todos os dias, as 19:15 da noite.
Não há mais.
Ele, pensa que sou de briga, que sou uma má pessoa, que sou quem fui, e quem não sou mais. Ele pensa que não tenho controle, ele pensa, que ajo por instintos primitivos. E eu não ajo ... eu nem ao menos reajo mais.
Eu me calo.
Me calo mas sinto dor.
Sinto dor de ter perdido minha identidade, ela era um tanto perdida...mas ela me dava segurança.
Agora eu vivo, sem saber quem são as pessoas, e o que elas guardam pra mim. Antes, eu guardava pra elas.
Evoluir espiritualmente, talvez signifique isso. Ver o mundo com mais indignação, descobrir porque todos os dias a violência cresce, e mais pessoas deixam de existir, descobrir que você deve sofrer, para alcançar o nível mais alto. Descobrir que muitas vezes a injustiça estará ao seu lado, e que você por se bom, resolveu deixa-la para la.
Parto-me.
Que seja castigo por todo o mal que um dia eu levei comigo, e que tenha acabado ... já paguei tanto e tão sofridamente. Já estão vingados todos os corações que eu parti, e todas as pessoas que eu machuquei. Eu mudei ...
vale a pena, sem ninguém enxerga?
Eu enxergo.
Só a mim, basta-me?
Parto-me.
Gostaria de ter parado de tremer e sentir ódio ao escrever, é meu jeito de libertar o mau sentimento, o antigo jeito de sangrar quem atormenta não é mais digno de meus princípios. Odeio ter princípios.
Queria ser mais forte outra vez, queria devolver todos os tapas que levo por não ser má o bastante, queria poder tirar do meu caminho todas as pedras que se postam diante de mim. Queria ser mais forte.
Queria que ele não me achasse má ... ele nunca me ouviu falar. E nunca vai ouvir, porque os tais princípios me impedem de dizer:
-Sabe, eu não tive culpa; Qual seu nome?!
Nem o nome eu sei.
Gostaria de me sentir consolada, querida, amada ... gostaria que fosse visível que não sou assim como pensam, gostaria de conseguir dizer mais o que penso, gostaria de não chorar sozinha, gostaria de não me sentir um vazio espaço, por ser apenas, alguém melhor.
Parto-me.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Sol que aquece o meu olhar;

Dezessete andares, dezessete pensamentos, dezessete batimentos cardíacos acelerados;
O que é perto parece longe e o que é breve parece eternidade
Eternindade é sentir o calor do Sol, do seu Sol
Um corredor pra marcar tempo, uma porta aberta com o eco da voz;
Voz que diz, que o Sol já está se pondo.
Uns pares de janelas grandes, todas abertas
um precipício.
O infinito seria a queda por uma delas, queda curta que pareceria longa...
...angústia breve que pareceria eterna.
Eterno é o calor do Sol.

sábado, 23 de outubro de 2010

Humor , só assim pra explicar os votos conservadores!

Capitães da Areia;

Um livro de forte impacto social, que foi polêmico desde seu lançamento, em 1937. Retratando o descaso e o abandono, o livro fala de crianças de rua. Tendo como cenário a Bahia e seus costumes, o autor Jorge Amado nos mostra um pouco da cultura local.
Nos primeiros capítulos, segue-se algumas pseudo reportagens sobre os Capitães da Areia, grupo de menores abandonados da Bahia, que furtam para sobreviver. Morando em um velho trapiche (Grande armazém, próximo de um cais, onde se depositam e guardam mercadorias importadas ou que devem ser exportadas.) as crianças levam a vida de uma forma diferente das outras crianças. Apesar da pouca idade, os meninos levam a vida como homens, tendo uma visão politizada, sobre o descaso dos mais ricos para com os mais pobres, e sobre as autoridades, que invéz de ajuda, lhes viram as costas, assim mostra o reformátorio, para onde um dos garotos chega a ser enviado após ser capturado pela policia em um assalto. O reformátorio que deveria educa-lo e oferecer-lhe abrigo, mostra uma autoridade desumana, maltratando e escravizando os pequenos infratores, e esses, óbviamente não se "reformam".
O enredo é polêmico. Alguns exemplares do livro, foram queimados em praça pública junto a outros livros de Jorge Amado, que enfrentava problemas na época, de ditadura militar, por ser filiado ao Partido Comunista Brasileiro.O livro, que é de todo uma critica social, mostrando como vilões o clero e o poder civil, com certeza não seria bem vindo numa época de repressão.
Além da critica , o enredo conta a história de todas as personagens, de forma que o autor escreve em terceira pessoa, algumas vezes tendo o narrador onisciente, mostrnado a visão de cada personagem, e comentado sobre elas, outras vezes, esquecendo as personagens e focando no espaço, nos cenários bahianos.
O grupo de crianças abandonadas, Capitães da Areia atua de uma forma em que, roubar dos mais ricos, e dar aos necessitados, seria uma politica justa. Não exatamente violentos, mas em alguns momentos, devido a revolta e a falta de atenção, tornan-se violentos pela necessidade. São crianças, mas pela vida que levam, já não tem uma visão infantil sobre o mundo injusto em que vivem. Também não são crianças em relação a sí próprios, já que todos levam uma vida sexual, e até mesmo o homossexualismo é apresentado entre o grupo, que por falta de carinho, buscam no sexo suprir essa falta, confundindo o amor e o sexo. Mas, o personagem principal, Pedro Bala, um menino visto como "pai de todos", se apaixona por Dora, que perdeu a familia em uma epidemina de varíola que chega até mesmo a matar um dos Capitães da Areia. Dora, orfã com seu irmãozinho pequeno, é encontrada por tres capitães da areia e levada ao trapiche, onde depois de muita confusão é aceita, e só é aceita porque o líder, Pedro Bala permite. Quando Pedro se apaixona por ela, ele então descobre que existe um amor diferente daquele que ele conhece. Um amor puro, que o sexo vem em segundo plano. Isso, acontece com todos os outros integrantes do grupo, um a um, descobrem em Dora, o amor, porém de formas diferentes, muitos como amor de mãe, outros como amor de irmã, e Pedro bala, como amor de "noiva". (que fique claro que as personagens tem entre 11 a 16 anos em média). Além de Pedro, outro se apaixona por Dora. O Professor. Assim chamado porque é o único do grupo que sabe ler, e então conta histórias para os outros meninos. Além de ler, desenha muito bem e é muito talentoso, não gosta da vida que leva, assim como "Pirulito" um menino com vocação sacerdotal, que sonha servir a Deus e tornar-se Padre.Outro que ao meu ver, marca o enredo, é sem-pernas. Um garoto deficiente, sem os movimentos de uma perna , carente de afeto, e portanto o mais violento do grupo. Sem-pernas marca o livro, em um capítulo onde executa o que sabe fazer de melhor: fingir-se inocente e abandonado, uma pobre criança defeituosa perdida no mundo, fanzendo com que familias ricas lhe dêem abrigo e comida, para poder demarcar a casa, e depois dizer ao grupo onde ficam os objetos de valor, e assim, armar um roubo. Porem, em umas dessas armações, sem-pernas encontra uma boa família, que perdeu um filho da mesma idade que ele, e diferente de todas as outras familias que lhe deram abrigo, esta o tem como filho , dando o tal carinho que ele nunca havia tido, segue-se um dilema em que o menino não sabe se é pior trair o grupo ou trair a mãe que nunca teve. (comentário pessoal, chorei muito nesse capítulo que é, muito triste.)

Ao desenrolar do enredo, as personagens crescem, aparecem novos capitães, alguns seguem outro rumo, e alguns morrem.
Creio que seja um dos melhores livros de literatura brasileira, e que não é a toa que está na lista dos melhores vestibulares. O livro causa impacto no leitor, que tem uma visão interna de um problema descrito nos anos 30, mas que é muito atual. Jorge Amado chegou a conversar e passar alguns dias entre jovens abandonados para poder escrever o livro. Valendo mais ainda as informações nele contidas, porque além de literatura e "estória" temos uma "história" que continua a estender-se ao longo dos séculos e presente nos dias de hoje.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Indústria da fome;

Sabemos que apesar da melhoria em nosso país, que agora garante mais alimento sobre a mesa das famílias, ainda temos muito o que melhorar, afinal os índices da fome são visíveis onde quer que você viva.Não é cabível á mim, dizer sobre o que não sei, por isso procuro sempre uma fonte segura, ou mesmo ver os fatos antes de escrever sobre. Mas, algumas cenas de miséria já são um "retrato" em nosso meio, que chegamos muitas vezes a não perceber e passar batido.
Uma pesquisa feita pela BBC(pesquisa sobre Políticas Alimentares), mostrou que o Brasil esta resolvendo o problema da fome e da miséria, tendo já resolvido a metade. Na década de 80, o Brasil pontuava 10,43 num ranking, sendo zero a melhor pontuação. Em 2003 a mesma pesquisa com familias brasileiras, mostrou uma melhoria pontuando 5,43 , ou seja, metade do problema resolvido. Especialistas afirmam que grande parte dessa melhoria, é devido ao Bolsa-Familia, que pode nos parecer pouca esmola, mas para quem ganha menos ou um salário minimo, já é de grande ajuda. Um projeto que vem ocorrendo intensivamente no governo Lula.
Mas, mesmo caminhando rumo ao combate, ainda temos muito que caminhar. E agora vou falar do que vejo, e não dos dados do IBGE+BBC; Pelo menos onde moro, Francisco Morato, um município de São Paulo, ainda é possivel ver a desigualdade frente a frente. Minha mãe é funcionaria pública, trabalha em uma escola, e fui convidada a fazer um trabalho social na semana do dia das crianças, apenas para pintar rostinhos inocentes e dar-lhes um pouco de alegria. Porém não foi bem isso que vi.É um bairro humilde, o da escola. Mais da metade daquelas crianças não tem bem o que vestir ou o que comer em suas casas, e boa parte delas conta com a escola nem tanto para o aprendizado, mas para matar a fome. É possivel ver no rosto de uma criança que ela tem fome, porque as crianças diferente de nós, não controlam suas necessidades. Vi crianças que olhavam para a cozinha, ansiosas. E que na hora do almoço, serviam-se uma, duas, e ate tres vezes. Achei curioso, já que em outras escolas onde trabalhei, elas mal sentavam a mesa. Me informei, e soube que aqueles alunos, contavam praticamente ou apenas, com aquela refeição pelo dia. Ouvi algumas histórias tristes, uma criança com o pai inválido e a mãe que o tratava sem poder trabalhar, outras sem geladeira, uma que a mãe morreu repentinamente de AVC e deixou um pai pertubado com 4 crianças, tipicos casos do descaso social. Mas não só nas escolas, nos bairros, nas casinhas, nas ruas. É possivel ver a fome.
Então lembrei de um fato que me revolta muito. Trabalhei ano passado numa creche e pré-escola, também com alguns alunos pobres nessas situações, porém o nível era mais baixo em relação a fome. E por vezes, ví, que na cozinha eram feitas panelas enormes de comida todos os dias, e todos os dias iam pro lixo, mais da metade dessa comida. Uma vez ainda, os alunos foram dispensados horas antes do almoço, e toda a comida, fresquinha e quente, foi pro lixo. Perguntei pra minha mãe o porque não doar para os alunos mais pobres, e até mesmo para pessoas dali daquela rua para não disperdiçar daquela forma. E ela me disse, que o Governo, não permitia, e me mostrou as câmeras de segurança, onde registram tudo, e onde é crime doar comida. Achei um absurdo, principalmente por cair minha ficha, de que se ali, numa pequena escola infantil de 200 alunos era disperdiçado todo aquele alimento bom, imaginem em escolas estaduais onde é feito até 10 vezes mais comida, e onde com certeza 10 vezes mais comida vai para o lixo, ou para os porcos das chácaras dos arredores.
Falo de onde vivo porque é onde posso ver, o Governo do estado de SP, não permite que os próprios alunos que necessitam, levem a comida que vai ir para o lixo. Andamos pelas ruas, vendo pessoas jogadas, umas por escolha, outras pelo acaso do descaso, muitas não vemos, por já nos parecer comum. E se fosse possível que pelo menos esse alimento desperdiçado pudesse ir para quem precisa, teríamos talvez pouco (acho que nem tão pouco) mas teríamos algum resultado. Agora me diga você, se um Governo não apoia isso e ainda recrimina um funcionário que tente ajudar, se esse governo prefere jogar no lixo ao dar a quem precisa, será mesmo que esse governo, manteria a única coisa que tem dado resultados quanto aos índices da fome, mantendo o Bolsa-Familia? Em campanha eleitoral, eles nos dizem que sim, e que ainda vão melhorar o projeto. Mas, históricamente os fatos, não mostram bem isso. Mas, os próprios desfavorecidos não se interessam em saber de onde vem o descaso, e de onde veio a pouca mas confirmada melhoria. E os outros que sabem, preferem olhar para suas mesas fartas e fingir que ali na esquina, não viram alguém de barriga vazia.

sábado, 16 de outubro de 2010

O Cortiço;

Entre todos da lista do vestibular, creio que este seja o mais divertido e mais curioso de ler.O Cortiço, é um romance de Aluísio Azevedo, que foi lançado em 1890, marcando o Naturalismo Brasileiro. Dramático em alguns capítulos, cômico em outros.
É divertido e curioso, já que temos uma grande movimentação de personagens ao longo do enredo, e estes são muitos. Quase todos representando um tipo psicológico, um tipo social, lavadeiras, policias, capoeiras, a elite, os caixeiros trabalhadores de uma pedreira...
Mas, entre esses tipos, que movimentam-se ao longo da história, temos as personagens principais, que também tem por trás da personagem em si, um tipo psicológico:
João Romão, é o dono do cortiço e da pedreira. Ele representa o capitalismo, a exploração.
Bertoleza: É uma negra escrava fugitiva, quitandeira e que vai juntar-se á João Romão, pra quem vai trabalhar muito, para no fim das contas não levar nada.
Miranda: É um comerciante Português, casado com D. Estela, a quem odeia profundamente, e ela o odeia também. Porém, ele aburguesado,continua ao lado da esposa odiada, já que a riqueza que possuí, na verdade é dela. Tem um sobrado ao lado do cortiço.
Jerônimo: Português, trabalhador da pedreira de João Romão, e morador do Cortiço, representa a disciplina , até conhecer o jeito "brasileiro" de ser.
Rita Baiana: mulata sensual de sangue quente, lavadeira e moradora do cortiço, representa a mulher brasileira. E a perdição de Jerônimo.
Piedade: o nome já diz muito, já que boa parte da história é o sentimento que temos por esta, piedade. É mulher de Jerônimo, portuguesa também.Representa a mulher Europeia.
Capoeira Firmo: mulato amante de Rita Baiana, representa um tipo brasileiro.
Essas são as personagens principais, porém em minha opinião, a história é bem distribuída pra tantos personagens, que até esquecemos que existem alguns principais. Vai ser difícil resumir a história, exatamente por ter tantas personagens e ser tão movimentada, então irei resumir pouca coisa, dos capítulos que mais gostei.
O nome do livro o resume bem, O Cortiço. Logo vem na mente, um lugar cheio de casinhas amontoadas, pouca privacidade e grande coletividade. E é exatamente isso. Um pátio onde todos conversam sobre todos, onde todos vêem a vida dos outros, onde festejam juntos e onde acontecem as brigas. Isso, é uma tese Naturalista, expor o ambiente. Onde podemos analizar as consequências e comportamentos das pessoas em relação ao meio em que vivem. Outra marca do Naturalismo, é a forma em que a história é narrada, onde o narrador fica em terceira pessoa onisciente, ou seja, ele sabe de tudo o que acontece, ele conhece os desejos das personagens, comenta sobre elas, julga, e até tenta provar de forma científica, alguns de seus comportamentos. O zoomorfismo também aparece, sendo uma forma de comparar as personagens com animais, essa característica fica bem acentuada em relação a promiscuidade das personagens, e a forma em que os desejos sexuais tornam-se instintos primitivos, necessidade, e o amor, bom o amor fica para trás, dando lugar a paixões ardentes.
Miranda odeia sua mulher, D. Estela, e ela o odeia, ela o trai, ele sabe. Porém, ele por necessidade e por prazer um tanto animal, costuma fazer visitas ao quarto dela a noite, sem nada dizer quando entra, e sem nada dizer quando sai depois de satisfeito, ela promiscua que é, nada reclama. Eles habitam um sobrado ao lado do cortiço, vivem bem e Miranda chega até a ser Barão. Já ao lado, João Romão mantém um cortiço, onde vivem muitos de seus trabalhadores da pedreira. João Romão é largado apesar do dinheiro, por ser avarento. Tem mau caráter, engana a pobre Bertoleza, que é escrava fugitiva, dizendo que assina sua liberdade se esta ao seu lado ficar, ela achando que teria um marido, logo tem outro dono, e trabalha maquinalmente para que este fique mais rico. No cortiço, além do trabalhores de João Romão, estão as lavadeiras, que marcam presença na história. São mulheres brasileiras, portuguesas, italianas, trabalhadoras, fuxiqueiras, justiceiras, algumas mães solteiras, outras com maridos ingratos e alcoolatras, os "ébrios" em sua embriagues também aparecem muito, mostrando no álcool um refugio daquela vida difícil. Muitas mulheres engravidam com um filho no colo, e um ao pé correndo. Muitas perdem os filhos por conta da vida corrida, deixando que vivam soltos demais. Em meio a toda essa bagunça em que as personagens são comparadas a vermes, que só comem e se procriam, vive Pombinha, a personagem doce, meiga pura, que espera aos 18 sua primeira menstruação para que se torne mulher e possa se casar. Todos no cortiço sabem, e todos os dias as personagens perguntam a mãe de Pombinha a D. Isabel " e então, já veio?" numa amostra de que ali, todos sabem da vida de todos. Pombinha casta e decente, é amiga de Léonie, uma francesa "cocote" (prostituta), e a visita algumas vezes, até que Léonie, a seduz, e Pombinha tem sua primeira relação sexual com Léonie. Dia seguinte Pombinha torna-se mulher de fato, e até chega a se casar, porem, por ser a escrivã do cortiço, onde ela escrevia cartas ditadas de seus vizinhos, ela conhece os pensamentos masculinos, Pombinha percebe que os homens são figuras desprezíveis, que costumam dar valor a mulheres sem escrúpulos, e que por trás de todo o sexo forte, esconde-se o sexo frágil de pequenas figuras irracionais, mais uma vez, o zoomorfismo. Então, ela começa a trair seu marido, torna-se lésbica amante de Léonie, e vira prostitua também. Enquanto no cortiço, Jerônimo prova a tese de Pombinha em relação aos homens, larga sua devota esposa Piedade, torna-se amante de Rita Baiana, quase morre por conta de uma briga com o amante da mulata, depois o mata, larga a esposa e a filha ao Deus dará, e junta-se com Rita, logo torna-se alcoolatra, preguiçoso, e infeliz, tendo apenas o sexo da mulata e a cega paixão. Ao final, João Romão interessado na filha do vizinho burguês e encantado com o titulo de Barão que aquele tem, começa a usufruir do dinheiro que conseguiu explorando os trabalhadores e moradores do cortiço, veste-se bem, come bem, e quando esta tão burgês quanto o invejado vizinho, percebe que a negra Bertoleza, a quem outrora colocou dentro de sua casa como escrava até mesmo de sua cama, agora irá lhe atrapalhar com o futuro casamento. Então planeja mata-la, porem fracassa, tenta convencer ela a se contentar com uma nova quitanda e algum dinheiro, porem esta deseja dignidade e futuro para sua velhice. Então, João Romão junto de um cúmplice, lembra-se de que ela ainda é escrava fugida, já que ele a enganou com uma falsa carta de alforia. Ele procura o dono de Bertoleza, diz onde ela se encontra e ele vai busca-la. Bertoleza ao ver seu Dono , tenta fugir sem sucesso, e então, com a faca que limpava alguns peixes para cozinhar, abre a barriga de lado a lado, caindo morta em demonstração de preferir a morte ao voltar a escravidão. E ela morre em vão, porque minutos depois de sua morte, uma comissão abolicionista chega. ( o livro acaba ai, e eu sinceramente não gostei do fim.)
Festas com muita comida e bebida apesar da vida pobre, muitas fofocas, muito trabalho, muita briga, muito sexo, muita polêmica, incêndios, mortes.
Esses são temas abordados, onde o tempo todo o narrador compara as personagens a animais, e os espaços são divididos, de um lado o cortiço e seus pobres moradores pobres. Do outro, os burgueses estrangeiros, esbanjando riqueza e falta de ânimo, a então desigualdade social também fica marcada no livro de Aluísio Azevedo.

System Of A Down - Boom!

domingo, 10 de outubro de 2010

Um dia são todos, todos são um;

Desembarquei na estação de costume, porém ela estava diferente.
A violência das gotas d'água contra um pequeno guarda-chuva, faziam tudo mais frio e solitário.
Meu corpo já estaria molhado em poucos segundos, mas minha alma mantinha-se indiferente.
Uma noite fria ou quente, molhada ou não, seria uma noite igual a todas as outras, caminhar comigo mesma já é uma rotina.
O elevador me pareceu particularmente mais lento.
Eu chego e me sento sozinha, minha compania é um livro, um caderno e uma caneta. As outras pessoas me parecem estranhas e inascecíveis.
Intervalo, as pessoas conversam animadas mesmo com o tempo ruim; Eu não, eu me sento em algum canto e fujo dos olhares presentes;
Sempre alguém me pergunta, porque estou triste; Não é tristeza, é só preocupação.
Acostumar-se ao silêncio foi tão fácil, que agora só vivo nele.
Tudo termina como começa, exceto que aprendi algo novo, e meus cabelos estão despenteados.
Embarco na mesma estação onde desembarco todos os dias, mas ela costuma estar seca;
Alguém resolve me acompanhar, mas não sei mais ser acompanhada, ralhei com a compania, não me calo diante de comentários inúteis, me incomodo.
São pessoas que defendem pontos de vista, sem ao menos terem idéia de como se forma uma opinião, são pessoas que elegem lideres como elegem reality shows ... são as pessoas que estão me cercando na estação. Todas falando, todas não dizendo nada.
Uma borboleta esta pousada em meio a uma multidão de pessoas vazias, ela não consegue voar; Meus sentimentos por ela são maiores do que por toda essa gente, porque ela, ela é pura. Caminho até ela, e a pego para coloca-la em algum lugar seguro, termino satisfeita, ela ali está salva. Toda aquela gente me olha estranho, para eles mais normal seria, se eu esmagasse a pobre, ele costumam esmagar-se uns aos outros.
Embarco novamente, me sento novamente, e da janela ainda posso ve-la. Ela bateu asas , mas não voou, ela partiu.
Eu abro meu livro enquanto eles falam de tudo sem conseguir falar de nada, falam de músicas com um estrondoso barulho que nada me passa, falam de programas de TV que nada me acrescentem, falam de política como se julgar a vida pessoal de tais, fosse o bastante, eles só falam, mas a boca abre e fecha sem que o cérebro possa trabalhar.
Eles são diferentes de mim apesar da semelhança. Eu sempre preferi os animais. Eles se comportam como animais, mas os animais comportam-se diferente deles.
Não é a classe social, nem a falta de alguma coisa, eu tenho tão pouco, mas tenho tudo. Talvez só me falte a compania, talvez eu ainda não precise.
Desembarco na minha estrada, meu caminho de sempre parece sempre estranho.
Mas agora eu estou em casa, são cinco dias descritos em um, não faz diferença, os cinco e um são exatamente iguais, exceto que em um eu vi a chuva.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Iracema

De prévio aviso expresso minha opinião: até agora foi o livro mais curto e mais chatinho de ler da lista de obras literárias da fuvest.
Curto, é um livro de poucas páginas, eu li em poucas horas, porém é cansativo, já que é um romance indianista, onde praticamente todas as personagens são indígenas e muitas palavras também. É ai que fica a chatice, já que ao rodapé das páginas ficam as traduções das palavras que são muitas, e a leitura acaba ficando por etapas; Mas tem o lado bacana disso, aprender um pouco sobre as nossas raízes.
Iracema, é um romance brasileiro escrito por José de Alencar, em 1865, e conta a história do Ceará, terra natal do autor. O romance é tipicamente "impossível", entre uma índia e um branco. Iracema e Martim. Na história Iracema representa a natureza, e pureza, E Martim, representa a civilização, os Europeus de seu nome Martim, uma referência ao Deus romano da Guerra, Marte.
Martim, chega em uma jangada, quando ouve o nome de "Iracema", ela está se banhando e ele chega, ela então o acerta com uma flecha e o machuca... e segue a frase:
"sofreu mais da alma que da ferida"
Para mim, essa frase classifica bem a obra no romantismo, mostrando que a flecha da mulher então amada, o dói mais na alma do que de fato por dor física.
Ela se arrepende e o leva para sua aldeia, logo Martim fica amigo da tribo de Iracema, onde ele é bem recebido e o Pajé diz que ele foi trazido por Tupã, que é reverenciado pelos indígenas durante todo o enredo. Martim, pode ter todas as mulheres da aldeia para o servir, porém ele deseja Iracema, e esta, a virgem dos lábios de mel e dos cabelos mais negros que a ave da graúna, diz que não pode, e explica que deve permanecer virgem, ela carrega o segredo da tribo, ela prepara a bebida alucinógena que os índios usam em rituais. E exatamente por conta dessa bebida, Iracema e Martim, tem sua primeira noite de amor. Isso gera uma guerra entre as tribos, já que Iracema não podia ter e apaixonado por Martim, nem por nenhum outro homem. E então, Martim precisa ir embora, e ela o segue. Ele não tem consciência do que houve entre eles , já que estava sob efeito da bebida, e quando tenta se despedir dela, ela o revela que já não pode voltar, pois já é sua esposa.
(imaginem que coisa, transou tá casado!)
Eles fogem com a ajuda de um índio amigo de Martim, que o considera um irmão, Poti; Resolvem habitar as margens de um rio perto do Mocoripe ( morro de areia) - nessa parte eu tive a impressão de que fosse, as dunas de areia, e que ficasse próximo a alguma praia cearense, porém o livro diz que é um Rio ...
Após algum tempo morando ali, Martim fica deprimido. Apesar de ter sido feliz e amar Iracema, ele deixou uma família, uma noiva, e amigos em suas terras distantes, e começa a viver em alma, longe de Iracema; Em meio a essa tristeza, Iracema está grávida, e Martim parte com Poti para uma batalha, já que agora é um guerreiro. Martim demora muito a voltar, Iracema da a luz a seu filho, que batiza Moacir (filho da dor), ela esta adoecendo de tristeza por saudades de seu amado, o tempo passa, ela adoece mais, já não tem leite para dar ao filho, pois suas lágrimas são tantas que o secam. Já sem esperanças, Iracema senta-se com o filho a porta, e desfalece. Martim e Poti finalmente chegam, a tempo de que Iracema apresente o filho ao pai, e este veja o sofrimento que causou a esposa, que logo em seguida morre.
Martim a enterra debaixo de um coqueiro, "e foi assim que um dia veio a chamar-se Ceará o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio".
As personagens ai, resprentam alegoria para a formação do povo brasileiro que é representado pelo filho do casal, Moacir, que nasce da junção de uma nativa com um europeu. A obra é escrita em prosa, um romance poético, histórico-indianista ou mitopoética, ressaltando a lenda, a narrativa, a poesia, o heroísmo, o lirismo, a história, o mito.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O ciclo das crises capitalistas

Antes de entender uma crise, é preciso que se entenda o capitalismo. Uma coisa incoerente que ainda há quem defenda. Capitalismo, que também é chamado de sistema politico-econômico ocidental, ou ainda pela ironia da palavra, liberalismo. É controlado por meios de produção privadas com fins lucrativos, e acumulação de capital. Mas vamos a prática.

O capitalismo gera um ciclo, um ciclo de constantes quedas, e subidas. Onde alguém cria um produto,( exemplo um telefone celular)que de início é caro e poucos tem acesso, mas logo fica barato e a população em maioria adquire, e quando todos já tem, ninguém mais compra, e o produto cai. Novamente é formulado um celular, agora, um mais moderno, que inicia caro, barateia, todos compram, e caem as vendas.... assim, sucede-se o ciclo;

Porém em 1929, o ciclo teve um fim trágico, e a bolsa de valores teve uma quebra gerando uma das maiores crises economicas da história.
Bolsa de Valores ... da forma mais simples, é um banco gigantesco. Onde que tem dinheiro (dinheiro em alta quantidade...) investe,( no Brasil investimentos assim ocorrem na Petrobras, onde você compra ações, dá uma grande quantidade em dinheiro, recebe um "papel" (documento) em troca, seu dinheiro fica sendo investido, e com esse capital eles investem no Petróleo. Porem, é uma operação arriscada (ver comercial da petrobras), já que diferente de um Banco comum, onde você investe seu capital e se algo der errado você é indenizado com seu dinheiro de volta, esse tipo de aplicação se por ventura der errado, você perde seu capital. Porem, quando algo assim vai dar errado, geralmente eles avisam antes, e quem for esperto, pega seu "papel" e troca pelo capital que investiu, sendo assim, a maioria retira seu dinheiro da empresa, essa perde o capital de giro, não tem como investir , e a bolsa, quebra).E foi justamente isso que houve em 1929; Mas a Petrobrás foi só exemplo, isso ocorreu nos EUA.
Devido ao capitalismo, as indústrias estadunienses produziram um excesso de mercadorias, que o povo já possuía, e não iria dar conta de comprar, logo começaram a exportar tais produtos. Isso, ocorreu logo após a primeira guerra mundial, onde a Europa estava devastada por ser o palco da guerra, e importava portanto, dos EUA , já que suas indústrias estavam devastadas, assim, os EUA começaram a produzir muito, vender muito, e gerar muito emprego. Mas, a Europa começou a se recuperar e diminuir as importações, e os EUA sofreu a super produção, não tinham para quem vender, e havia mais produto do que consumidor. Alguns outros países ainda importavam seus produtos.Porem os países que compravam paravam as importações, por estar á vista uma crise, e como forma de segurança, parar de comprar de fora e investir no PIB nacional era uma saída pra manter-se longe da crise. Sendo assim, os EUA quebraram com produtos que não tinham mais vendas. Muitos acionistas perderam todo seu dinheiro da noite para o dia. E uma população que antes tinha tudo, já não tinha mais nada. Todas as lojas fecharam por falta de dinheiro, os bancos estavam as minguas e a população toda desempregada. Imagine você acordar, não ter dinheiro, emprego e ver as ruas desertas, ou cheias de pessoas desesperadas ao procurar assistência social;
Mantinha-se bem a Rússia, por ser um país socialista, fechada para o mundo capitalista. Que não sofre o ciclo capitalista, e investe só no produto interno bruto.
O presidente dos EUA Roosevelt, adotou uma medida de um economista chamado Keynes, que teve uma obra economica clássica. Investir em obras publicas, e gerar empregos. Porem, como fazer isso em um país falido ? Todo país tem suas economias, seu capital acumulado pelos impostos do capitalismo. E foi justamente essa a ideia de Keynes: investir em obras publicas através do capital acumulado, e pagar um salário desemprego para quem não tivesse como trabalhar nas obras publicas, assim, o povo teria dinheiro, iria comprar, e sairiam da crise. De inicio Roosevelt não adotou a medida, pq um país capitalista não mexe no próprio bolso, mas logo teve que adotar a ideia, ou as coisas iriam piorar. Assim, o país saiu da crise de 1929; Mas, muitos países foram afetados, já que EUA é asim como a Rússia uma das maiores potências. E alguns países afetados, sofreram com regimes de extrema-direita,os nazistas, comandados por Adolf Hitler na Alemanha, e Mussolini, na Itália.A crise teve seu fim marcado pelo inicio da segunda guerra mundial, que para não dizer que a Rússia venceu sozinha ( pq será heim?!), colocamos ai os outros integrantes do Eixo:EUa, Japão, China ,França,Canadá e Grã-Bretanha.
O Brasil não sofreu praticamente nada com a crise de 1929, nesse período o país produzia praticamente só café. Mas Getúlio Vargas, queimou todo o café produzido, pagou os cafeicultores, para que esses pudessem investir em indústrias, assim o pais iria produzir bens de consumo sem precisar importar. E de onde ele tirou tanto dinheiro, pra queimar café e pagar o povo ? Ele simplesmente mandou "fabricar papel moeda" ...
Essa foi a mesma medida tomada por Barack Obama, em 2008/2009; Os EUA mais uma vez enfrentava uma crise, e mandou imprimir alguns trilhões de doláres, investindo em indústrias que os salvariam mais tarde dessa crise. O Brasil mais um vez não sofreu, como medida, o governo retirou os impostos de alguns produtos, (exemplo os eletrodomesticos linha branca) diminuindo o valor, e fazendo o povo consumir mais, e as indústrias, produzirem mais, essa medida, ajudou a população brasileira a não passar pela crise, e somente o governo perdeu um pouco com isso, já que não lucravam com os impostos, e não acumulavam capital. Nos tornamos referencia, e alguns países chegaram a perguntar para o nosso presidente, o que ele havia feito.


"Ela (a crise) é conseqüência da crença cega na capacidade de auto-regulação dos mercados e, em grande medida, na falta de controle sobre as atividades de agentes financeiros. Por muitos anos especuladores tiveram lucros excessivos, investindo o dinheiro que não tinham em negócios mirabolantes. Todos estamos pagando por essa aventura. Esse sistema ruiu como um castelo de cartas e com ele veio abaixo a fé dogmática no princípio da não intervenção do Estado na economia. Muitos dos que antes abominavam um maior papel do Estado na economia passaram a pedir desesperadamente sua ajuda." Lula.

E assim vamos de crises em crises, vivendo o cego capitalismo. E ainda sou obrigada a ouvir pessoas que dizem que o "socialismo" é algo "falido"; A Rússia que o diga.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

E você, vai apertar a tecla da indiferença?

Em abril de 1984, pessoas iam as ruas de São Paulo em busca de um direito de escolha. O movimento "Diretas Já", triunfou depois de muita censura, ergueu a bandeira da democracia livrando a população de um Regime Militar. E o que um dia foi um sonho realizado por uma luta, hoje é um picadeiro. A democracia tornou-se, uma grande amostra de inconsciência.
Lançada um ano antes, em 1983, a ideia do movimento pelas eleições diretas veio de Teotônio Vilela. A primeira manifestação ocorreu em Pernambuco, organizada pelo PMDB. Seguiram-se manifestos em Goiânia, Curitiba, São Paulo etc; Mas a repressão era grande, direito de expressão era praticamente inexistente, pra não falar da violência que sofriam aqueles que buscavam seus ideais.
Mas mesmo em meio a uma luta que por muito tempo pareceu vencida, as manifestações ganharam forças, até que no ano seguinte 1984, o movimento cresceu e teve enfim forças para uma grande mobilização. São Paulo, 16 de abril 1,5 milhão de pessoas caminhavam da Praça da Sé até o Vale do Anhangabaú, todos ali para apoiar uma caminhada rumo a redemocratização do País . Essa foi a maior manifestação pública da história nacional.
O povo descontente com o regime Militar,juntava-se a estudantes, lideranças sindicais, civis, artísticas e jornalisticas, e também contava com ilustres personalidades. Liderados por Tancredo Neves, Franco Montouro, Orestes Quércia, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Pedro Simon, e nosso atual presidente, Luis Inácio Lula da Silva.
O militarismo, via-se ameaçado a perder o poder de uma hora para outra, e começou então a lançar medidas estratégicas contra o povo.Em 25 de abril de 1985, era votada a emenda das eleições diretas, que perdeu, já que 112 políticos aliados ao regime, não compareceram ao plenário da Câmara dos Deputados no dia das votações,uma bela manobra que derrotou a emenda por não alcançar o número mínimo de votos. João Figueiredo, o então presidente, aumentava a censura a imprensa, e ordenava prisões. Alguns célebres nomes da politica atual, atuavam em meio a ditadura naquele tempo, um deles Paulo Maluff (um deles, pq falar todos é deprimente).
Mas mesmo a Emenda de Dante Oliveira tendo sido rejeitada em uma votação manobrista, o movimento das diretas já conseguiu a redemocratização, o poder civil volta em 1985, Tancredo Neves vence para presidente no Colégio Eleitoral,e é aprovada em 1988 uma Constituição Federal, para as eleições democraticas de 1989, que viriam a eleger nada mais nada menos que "Fernando Collor de Mello"; A primeira amostra de que o povo, vendo a oportunidade de votar, começava uma caminhada que iria se estender até hoje: votar no mais bonito (o que houve com Collor) votar no mais famoso, votar no mais rico e diplomático, sem nunca ter consciência de que, 4 anos não são 4 dias.
Entra ano e sai ano, e o povo continua nessa jornada rumo ao nada, elegendo e reelegendo personalidades que ai, nesse resumo histórico, já apareciam. Alguns como manifestantes, alguns como repressores, um ciclo interminável, de políticos que retém o poder a anos, sem nunca cumprir as "tais promessas" que fazem com que alguns, desprovidos de conhecimento e memória, dêem seus votos (ou vendam ... ).Vemos um partido conservador, que a 16 anos deveria ser responsável pela educação brasileira, e ao invés disso, é responsável por milhares de cidadãos serem aprovados no ensino médio, com nível de ensino primário. Cabível, para manter-se no poder, é necessário manter um povo sem conhecimento, e sem expectativas, muitos hoje levantam da cama, e não sabem ao menos para que. Mas ao invés de o povo ver isso, o povo reclama de um presidente "analfabeto", que lhes deu o pro uni, aumentou seus respectivos salários que até então, numa era "FHC", com certeza não daria a oportunidade de um operador de tele marketing comprar um "nike", mal dava-se para viver, e sobrevivencia seria a palavra. Todo cidadão que se preze sabe o que significou a era FHC (Fernando Henrique Cardoso para quem não souber). Agora, responda-me ai vc, qual é mesmo o partido dele, que tanto fez pelo País?
Pois reclamar de um PT morno, é mais fácil do que lembrar-se de um PSDB devastador. Devastador para você que assim como eu não ganha 10,000 reais por mês e espera conseguir prosperar na vida.
E o que me revolta? Além de ver o picadeiro eleger palhaço para Deputado Federal como "protesto", é eleger para um segundo turno um sucessor de FHC dentre tantos outros do mesmo partido que só tendem a nos voltar para um passado nada glorioso, é ver meu vizinho que nasceu pobre, votar num partido que apoia a classe média para alta, e dizer que não prosperou nos últimos anos, e olhar para a casa dele, ver que aumentou uns 8 cômodos totalmente acabados, ver que ele comprou dois terrenos, dois caminhões e tem uma família que come e tem oportunidades, e que não se recorda, de que um dia, não teve condições de nada disso, batendo no peito e dizendo "voto pela mudança, voto pra prosperar" . Não poderia eu, esperar outro pensamento de alguém que elege um partido como o PSDB, que já retém seu poder em seu "mundinho" mas descontente com isso, anseia conquistar o que poderia ser, de quem ainda nada tem.
O País reclama de falta de opções, mas só esse ano teve duas boas novas opções para Presidência da Republica, porem esses, minoria dos votos, mostra que a população reclama, mas persiste no erro. E não contentes em mostrar sua falta de conhecimento em um turno, o povo precisa de dois!
Agora, é torcer para que o país não piore mudando para um governo, que está na lista dos piores da história nacional, e torcer mais ainda, para que se mantenha caminhando devagar, porque antes devagar, do que estacionados para aqueles que tem menores condições; E assim vamos, um dia caminhamos rumo ao progresso, hoje, caminhos rumo as piadas.




Nota: o fato de FHC estar no manifesto das Diretas Já não o torna um politico melhor, já que, muitos só participaram da manisfetação por interesses próprios ;)