sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Enfim, recomecem a festa!


E o que dizer de 2011?
Que diferente de 2010, eu não amei até perder meu fôlego, nem sorri como se não houvesse um amanhã, então, penso nesse ano como consequência do anterior, onde eu aprendi que nem sempre a gente domina o que sente, mas sempre consegue aprender com o tempo que não dá pra querer quem não te quer, logo, esse ano me fez enfim, esquecer quem eu deveria, e abrir minhas portas e janelas pro que viesse de novidade. E consequência, bom, passei o ano anterior inteiro estudando pra chegar onde cheguei, e esse ano foi o ano de eu chegar, de pela primeira vez eu sentir o gosto de colher os frutos que plantei. É, ok que eu não estou EXATAMENTE onde queria estar, mas poder dizer que de certa forma você tem seu lugar ao sol, e um lugar bem desejado por muitos, é ótimo.
Senti falta de acordar e dizer : cacete, o que eu fiz ontem? - senti mesmo a falta de ser mais impulsiva e menos controladora comigo mesma, como eu sempre fui. Paranóica e cismada como sempre, mas sem aquele Q de quem vai ter história pra contar.
E eu não sei responder as perguntas de praxe para virada de ano, não sei o que desejo pra o ano que vai entrar, não sei o que espero e nem o que planejo. Eu planejo sim, desejo sim, mas nada tão forte quanto já foi, nada de torcer os dedos nos últimos segundos e pedir "por favor, eu preciso" - não, eu acho que eu preciso, mas não sei bem se torço meus dedos.
E não é despeito pelas coisas que quero, poxa, só eu sei como eu quero certas coisas e como gostaria de ficar mais perto de certas pessoas, mas eu não consigo por isso em planos, depois desse ano não. Esse ano eu aprendi que da mesma forma que pude calcular e ter o que queria exatamente como quis, eu também tive que lidar com o imprevisto e sentir por um fio, que todo o meu chão poderia desabar e eu ficar ali, inerte e sem caminho. Vi a pessoa que mais amo nesse fio, e eu não imagino o que seria de mim, se algo tivesse dado errado, e foi por tão pouco, tão pouco! A vida é muito pouco. Tive que ser forte demais quando eu só queria poder abraçar alguém e falar "me diz que vai dar tudo certo? diz que eu vou aguentar e ver isso acabar bem?"- e em nenhuma vez fiz isso, em nenhuma vez chorei pelo que sentia e pedi ajuda. Vai ver por isso eu sempre chorava quando bebia e culpava as pessoas que nem sequer sabiam direito, onde minha cabeça estava. E provavelmente essas pessoas me achem fracas demais, por acharem que chorava sem motivos. Exatamente por isso chorei com elas, não me conheciam bem mesmo, não faria diferença se julgassem.
Aprendi a conviver com essas pessoas, e com outras e cada dia mais outras. Aprendi a dormir com alguém todos os dias - tá, isso eu não vou aprender nunca- aprendi a me manter viva com meu próprio alimento, aprendi que em festas de faculdade, ou você é o idiota do grupo legal, ou o legal do grupo idiota, aprendi que eu nunca mais vou dizer " não, ele nunca" ... esse meu despeito inicial me rendeu algo não devastador, mas algo que eu não conhecia. E aprendi que lugares fechados sempre vão render assuntos do tipo "vai chover heim?" .
Conheci muitas pessoas que nunca pensei em conhecer, e não sei como, mas gostei muito de algumas, de umas em especial, tanto, mas tanto, que me aparecem nos pensamentos todos os dias. Talvez elas não saibam bem quem eu sou, mas bem, esse não foi um ano meu, esse foi um ano que vivi para outras pessoas, elas precisaram tanto de mim que acabei me deixando um pouco de lado. Espero voltar agora, porque agora, eu me sinto falta, e eu preciso de mim aqui.
- Queria muito ligar pra algumas pessoas, umas cinco, e dizer o quanto eu sinto, o quanto eu agradeço, o quanto aprendi e como eu desejo com todas as minhas forças mantê-las cada dias aqui mais perto.
Mas eu usando o telefone? Eu ligando? Ahhh tá!!! Deixa pro ano que vem, quem sabe!!!

E a minha coracionada de fim de ano, vai pra minha mãe, ela, a mais forte e dos 500 ml de peitos mais lindos do mundo!!! <3333333333333333333333333'

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

E o amor com isso?!


Desde ser pequena o bastante para ainda nem seios ter - ah sim, ainda não os tenho - eu me vejo vendo casais estúpidos demais para evitar que meu cérebro comece a rodar a fita da imaginação, que no meu caso, eu não imagino, eu faço curta metragem cerebral, as vezes até longa. Eu, sempre sozinha e vendo aquela grande encenação alá Shakespeare com um toque de Nelson Rodrigues, que é pra dar "realidade" - palavra qual, fogem os lindos amantes do tal amor - realidade pra quê, não é? Se o amor é o fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é o contentamento descontente ... mas que cacete, cadê o lado bom nisso? Então todos vocês, que andam por ai com suas mãozinhas dadas estão com dor, com feridas, com descontentamentos?
Todo mundo tem casal de amigos, ou amigos que viraram casais. E todo mundo sabe o porre que é ter amigo que namora. Nada pode, tudo pede e sempre, sempre um belo par estraga a noitada da galera no bar, porque resolveu lavar a roupa suja antes de chegar em casa. O caso mais tipicamente tosco de amigos que iniciam a vida amorosa, é a mudança de personalidade - que por sinal era falha - em quesitos de encontrar semelhanças com o ser amado, inventando as mesmas, quando você, amigo maroto já sabe que é pura marmota pra agradar o par. A pessoa nunca gostou de sertanejo universitário, mas vai saber cantar todas porque o amor gosta. A pessoa preferia sair de jeans e camisetinha, mas o namorado prefere que se enfeite digna de uma festa black tie. A pessoa odeia comida bahiana, mas vai até aprender a cozinhar vatapá. E por ai segue o ridículo da vida. Mas não segue pra sempre.
Já parou pra pensar que o seu par, sua então alma gêmea, não tem nada a ver com você, e que os opostos não se atraem? A teoria dos opostos certamente foi criada por alguém estúpido o bastante pra acreditar que o amor vence barreiras do tipo nerd versus fanfarrão. Ou você consegue imaginar um nerd namorando uma micareteira? Ele lá, jogando PS3 e ela lá, dando nó em fita de cetim pra cada cara que beijou ela sem pedir permissão? Não! Na minha cabeça certas coisas não entram, e essa é uma delas, definitivamente.
Não é só uma questão de gosto musical, gastronômico ou físico. É uma questão de carácter, princípios e limites. Você não vai ser feliz pra sempre, ao lado de alguém que vai pedir suco de laranja enquanto você vai pedir uma cerveja gelada. Talvez nem seja feliz pra sempre mesmo com alguém que peça o mesmo drink e ainda brinde com você. Então, crer que o amor vence QUALQUER barreira, incluindo a total falta de afinidades, me parece o mesmo que crer em contos de fadas e histórias bíblicas, e como diria minha mãe :
-Desde os 3 anos você me disse que não tinha ninguém lá no céu, nem ninguém dentro do seu coração.
O que não me impossibilita de ter alguém nos meus pensamentos, e nas minhas ideias racionais de crer, crer que perfeito não vai ser nunca, mas também não precisa ser assim como a sociedade me impõe, casais estúpidos que amam sem ao menos saber que admiração deveria vir antes de qualquer sentimento que te torne vulnerável a alguém.
Então mundo, mais amor, por favor?!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sentindo o sentido do invisível ?!



Tudo começa quando alguém me diz "oi, que saudade!" - sério? saudade? hã? - Tenho defeito nesse "sentimento".Talvez por não ser exatamente brasileira, é, porque até onde sei, saudade é um sentimento tipicamente daqui, em outros lugares ele não é um sentimento, é uma falta apenas, como qualquer outra. E é ai que está o problema. Eu não sinto saudades, eu digo que sinto, até digo, quando sinto tédio e lembro que "alguém" poderia estar comigo, mas é involuntário e meio vazio, só pra me sentir humana como todo mundo. Vejo a pessoa que não vejo a muito tempo e digo "sinto saudade", quando na verdade eu pouco sei sobre. Sei que descrevem saudade como uma agonia insuportável, um vazio que só alguém poderia preencher, a falta absurdamente sentida por alguém que se ama. Então é por isso que eu não compreendo a saudade. Eu não entendo a descrição do amor também.
Amor: afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém.
Vê quanto significado tem o amor? Então ninguém pode me culpar ou julgar quando digo "eu te amo" para diversas coisas e pessoas, no exemplo "apetite" então? Posso dizer que te amo por estar comendo - algo ou alguém?- enfim. Aquele amor que contam como irreversível, indestrutível e único, eu desconheço. Assim como a saudade. E assim como Deus. Esse Deus de letra maiúscula, unipotente e unipresente, sentado numa nuvem e invisível pra mim, e audível pro pastor da Igreja da esquina, ele não existe. É impossível ter um homem invisível lá em cima no "nada" me olhando pra contar com quantas pessoas eu saio e julgar minha vida sexual. As nossas, no caso.
Vou seguir com sorriso meia lua sempre que alguém vier me expressar saudade, e ficar me perguntando se essa pessoa apesar de estar dizendo isso, assim como eu não faz a menor ideia do que diz. E vou imaginar que ela diga eu te amo, tentando buscar nessas poucas palavras o que significa poder gostar muito de tantas outras coisas e criar isso pra diferenciar todas elas, e também vou imaginar que ela vai olhar pra cima e pensar: Deus, alguém ali disse que o senhor lhe falou, e eu me acho estranha, porque ouço vozes as vezes, que não são as suas. Um dia eu descubro o que é saudade, amor e deus, mas até lá, eu fico com o que é concreto : uma boa dose de vodka.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Luzes, câmera, cancela.


E o espírito natalino continua a me atacar como uma bala dundum, e os fragmentos continuam a me rasgar os órgãos até começar o ano. E como desgraça pouca é bobagem, o ano no Brasil só começa de fato, após o carnaval - outra época, insuportável - ou seja, tenho dias e dias de férias sofridas, e elas não deveriam ser sofridas pra mim, mas pra isso eu teria de não ter nascido. O que há de errado com essas pessoas que não tem nada de errado, e ficam felizes o tempo todo? Eu tenho que me comportar como elas pra me sentir tão feliz e pimpona ao ponto de conseguir dar um "@" e simplificar todas as minhas noites com um "FODA" ? Eu não sei ao certo como elas se comportam, mas sei que escrevem o tempo todo que estão se comportando de maneira "foda". Só acho estranho conseguir estar sendo "foda" e ao mesmo tempo conseguir dar uns "@", é tipo estar em dois lugares ao mesmo tempo. Eu mesma, passo o tempo todo dando uns "@" e reclamando do quando o meu dia está "foda" de chato, prova viva de que de fato ele está, é eu estar aqui, tendo tempo de escrever isso.
Mas eu vou fazer promessas de Ano Novo, dizem que funcionam. Então, promento que vou pegar todos que me derem bola, vou beber sempre até entrar em coma, vou me divertir mesmo que isso contrarie todo o restante, vou vestir abadá e curtir micareta, vou ser simpática e ter 1.000 amigos em site de relacionamento, como se fisicamente fosse possível ter 1.000 amigos. Prometo, pulo ondinha e como sete caroços de romã.
Eu já mencionei que nunca cumpro minhas promessas? Então, fica válida a que inclui o item "beber".

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sombra


Será que todas as pessoas que sofrem de insônia nunca perceberam que sonham menos do que as outras que dormem de forma "normal" ?
Eu odeio dormir. Sempre tive medo - nos sonhos eu me lembro de coisas que gostaria de não ter consciência, eu vejo a criança, a adulta e a morte. Eu vejo o porque das coisas serem como são, eu vejo o quanto gostaria de nunca ter sido criança.
E se eu dormir e acordar, e perceber que eu ainda sou eu mesma? Eu mesma não existe, o fato é que a cada dia que desperto de poucas horas de "sonho", me deparo com alguém diferente.
Mas o que ficou lá atrás, é igual pra todos esses alguéns.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Carneiros ?!


Sofro de insônia, e sofro de informação desnecessária que acompanha a insônia. Desde que inventaram redes sociais, basta você sofrer de insônia e não ter nada melhor para fazer, que você vai lá insistir em coisa que não deve.
Não quero saber de letra alguma, nem do "rolê" super supimpa que alguém de vida mais sociável que a minha fez. Também não gostaria de saber quantos tiros alguém da em flertes virtuais pra ficar mais descolado e automaticamente lucrar o lanche da noite super animada que vem por ai. Muito menos, quero ler frases enigmáticas daquelas que as pessoas escrevem como carapuça, e que ficam a me fazer pensar "e que diabos é isso?".
E eu a partir de agora não vou ler nada que as pessoas escrevam ... não vou mesmo. Juro que não vou, pra quê, não é? Pra me intrigar? Me fazer pensar na vida alheia que me incomoda porque é mais divertida que a minha? Não eu não vou!
Mas e se você ai do outro lado, fala mais do que faz? Eu mesma, já me fingi de animada, agitei minha home page de um site qualquer, fiquei off line após um "UHUL" e fui para o sofá, ver filme sozinha comendo pizza! Não, mas eu sou uma grande contradição. Ninguém mais faz isso.
É, melhor não ler mais nada, as pessoas são felizes demais! Nunca mais vou ler!
-todos os dias eu me repito o mesmo discurso, e olha eu ... acabei de ler várias coisas, tipo, várias coisas desnecessárias outra vez.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Tá, passou!

Enquanto todos os seus amigos sofrem de ressaca e aminésia por conveniência moral, você está de pijama sentada no sofá vendo seu time perder um mundial, e sem a narração dramática do Galvão Bueno, que daria a ênfase necessária pra isso, sendo desnecessário.
Mais deprimente e solitário está seu domingo, quando você percebe que ou você leva sua irmã de oito anos pra sair com você, ou se contenta em ouvir dingou natalino e ver todas as luzes da Avenida Paulista, acompanhadas de pessoas felizes e acompanhadas. Sim, é uma auto-crítica.
Ás vezes, sinto falta de alguém, não pra conversar - ou ter comportamentos reprodutivos - mas só pra ficar perto e eu saber que alguém está perto.
O jogo no recuo, a vida, sempre no recuo.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Oi?!


Segundo o Wikivida : Oi!, olá! e alô! são interjeições que expressam um cumprimento positivo de boas-vindas. São utilizadas como saudação entre duas pessoas, ou entre um indivíduo e várias pessoas.
Duas letras, um projeto cuspido de palavra, uma interjeição que expressa "boas-vindas". E dá pra acreditar que uma pouca droga dessa, causa a maior discórdia entre "duas pessoas, um indivíduo e várias pessoas?" - pois é, eu que o diga!
Quando criança, tive um certo problema com o oi, que me rendeu - como toda a minha estranha infância rendeu - um probleminha. É, um probleminha. Eu não digo "Oi", tá não vou ser radical, eu digo, sob muita, mas MUITA pressão.
É preciso explicar isso : eu não digo o oi de forma inicial, ou seja : eu não saio por ai chegando em "indivíduos" e dizendo "Oi!", eu até penso em fazer isso quando vejo alguém de que gosto - é, ai começa todo o filme na minha mente, lá está a pessoa, vai passando sorrateira , alegre, saltitante e pimpona diante de mim, digo ou não digo "oi" ? Espera ai, e se eu disser e ela for míope? Sim, eu sou míope e levo minutos para identificar alguém, ela pode fazer o mesmo, não me reconhecer e não responder! Fico como, com o "oi" na mão? Ou pior, e se for daquelas pessoas escandalosas? Digo oi e ela começa a berrar enlouquecida de felicidade por me ver? Não, ninguém fica feliz em me ver, talvez ela berre mesmo, berre algo do tipo "SAI DAQUI, Ô!". Não, melhor não dizer. - eis-me ai, abortando o pobre "oi". E é ai que as pessoas dizem "nossa essa garota é estranha, nunca me cumprimenta, e eu a conheço".
E a infância com isso? É que alguns tios meus, que moram na Itália vieram para o Brasil quando eu era uma criança em fase de aprendizado. E eu perguntei para um deles: Tio, como digo "oi" em Italiano? :
- " Tchau!"
- não tio, quero oi.
- "Então, Tchau!".
Ele era um tio com muito senso de humor. Nunca quis saber como afinal, se dizia oi em italiano, mas aprendi algo muito mais valioso - oi eu não digo, mas tchau, ah isso eu digo, e nem preciso estar com os meus óculos!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Posso vomitar você? Calma, não vai te sujar!


Desde que entrei na faculdade, precisei voltar a fazer análise. Muita coisa aconteceu comigo de uma só vez, e eu não tenho ombros fortes, e também não sou do tipo que consegue tomar emprestado o ombro alheio com muita facilidade. Acho o ombro uma coisa muito íntima, não é em qualquer um que você chora não Fagner - desde que seja sóbrio - assim como não é em qualquer mão que você segura pra caminhar por ai. Enfim, as análises me ajudam muito, não que eu seja psicótica - ou sim ... - mas eu precisava dividir minhas angústias com alguém, e ninguém melhor que um cara sendo pago pra isso, que não vai me dar palpites pessoais, e sim me conduzir nessa jornada chamada sacanagem ... digo, vida.
O consultório do analista é inacreditável. Afinal, é uma clínica de doentes mentais assumidos, sim assumidos, porque eu creio que todo mundo seja doente mental, alguns apenas prefrem fingir para si mesmos que são super normais, ouvindo funk, usando oakley e se relacionando com mulheres que vão ao baile sem calcinha ... tái, comportamento mais normal impossível, não é?! Prefiro os anormais que estão mensalmente comigo na sala de espera, vendo a TV - E OH! é o ápice da sala de espera - todos os loucos ali, vendo a globo e comentando loucamente a programação, e acreditem, comentários realmente absurdos, coisa de quem vive em outra dimensão e consegue ver BEM além. E hoje, só pra variar, eu nessa missão de não ser um atrativo para estranhos virem puxar papo, falhei. Uma senhora que se sentou ao meu lado, fez questão de narrar todo o sua dia-a-dia louco pra mim. Remédios, religião, família, comida, novela, crochê, doenças - foi até indiscretíssima me dizendo que estava menstruada e usando uma fralda tamanho G de criança, e isso me fez imaginar coisas nada cabíveis de serem escritas - e eu ali, calada com meu sorriso meia lua, como quem se pergunta " e eu com isso?" ouvindo a senhora me dizer, que o filho era casado com uma mulher nada prendada e muito fogosa - Nelson Rodrigues teria um roteiro para isso, eu sei que teria - no fim das contas, me apeguei ao sentimento de compaixão - sim, eu tenho um coração- e senti um pouco de pena dela, era uma mulher sofrida, mas era feliz.
Mas ai é que está : um dos motivos que me levam a fazer análise, é não ter facilidade em me relacionar com as pessoas. Odeio o verbo"relacionar", quando em sentido de "ter tratado social com alguém". Julguem-me anti-social ou o que for, tenho meu bom motivo pra isso. Eis o motivo : Você conhece, você se relaciona, você se apega, você por algum motivo maldito, tem que desapegar. Simples assim. Prefiro então, não conhecer muitas pessoas, e me relacionar com o menor número possível, assim eu não tenho que perder dias e noites me "desapegando", já sou por natureza desapegada.
E foi narrando casos de fuga dos relacionamentos, que eu acabei numa conversa reveladora no consultório. Eu tenho bulimia nervosa, logo de brinde a tal anorexia e descobri o por que disso graças a coxinha da faculdade, e a falta de amor no coração. Comer é um ato de relacionar-se. Quando nós comemos, sentimos prazer, gostamos daquilo. Nos relacionamos com o que comemos - sim, você tem o tipo de um orgasmo quando come um super BK com muito cheddar - e eu, amava a coxinha da faculdade. Um dia, por sinal um dia após uma noite muito cheia do tal verbo aqui causador da discórdia, eu comi a adorada coxinha, e : RAUL! Lá se iniciou mais um ciclo triste, desse que você ouve mentalmente a canção "Love by grace" e se vê com dificuldade de fazer algo tão comum para todo o resto do mundo, comer.
Quando meu analista, após me ouvir narrar comicamente todas as minhas fugas de conversas e relacionamentos, me disse que ai estava um dos fatores da minha fuga a comida, eu fiquei chocada e pensei : genial!!! Era isso - além de outros poréns que só Freud e minha infância zombeteira explicam - pela primeira vez, simpatizei com o analista e quase senti vontade de abraçá-lo ! Quase, abraço é muito pessoal.
E por fim, eu ali contente de ouvir algo tão genial e admirando meu analista, pensando no quanto era bom tê-lo como MEU analista, ouço ele me dizer que na próxima análise iremos nos despedir, ele está de partida da clínica, e eu serei encaminhada a outro analista.
Odeio o verbo "relacionar", lembram?

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Tá calor, heim ?!


Sou o tipo certo de pessoa errada para se puxar assuntos aleatórios, tipo papo de academia - e oh! eu ainda estou frequentando a academia! - você está lá, naquele início de tortura, pedalando e observando a paisagem além da janela, e eis que um dos coleguinhas - que na verdade não é seu coleguinha porque você não fala com nenhuma daquelas pessoas - senta-se na bicicleta ao lado e exclama com aquele sorriso meia Lua :
- Tá um calor, heim!
Toda a paisagem lá fora, vira o naufrágio do Titanic, e você pode ver a Rose segurando a mão do Jack, naquela cena fatídica de algo literalmente afundando. "Tá um calor, heim" - Não querido, estou suando alguns litros como você pode ver, mas não é por calor não, é por ter atingido a menopausa aos 23 anos - É tipo estar no elevador, local feito para subir e descer andares, sem a obrigação de falar com quem frequenta o mesmo, e surgir sempre o mesmo assunto, o tempo. Tanto que hoje em dia, os elevadores mais modernos tem uma TV que fica o tempo todo mostrando a previsão do tempo, que é um convite a ficar calado e não comentar sobre o mesmo, e não é que ainda assim tem gente que te pergunta dentro de um , "será que hoje chove?".
Mas após o Titanic afundar, o Jack afundar, e a Rose ficar a ver navios - ou não ... - recuperei meu fôlego, tirei a imagem de mim mesma vestida sensualmente de mulher do tempo mostrando as possíveis zonas de precipitação, e respondi - Tá.
"Tá" xeque mate, finalizador de frase e tentativa de conversa. Enfim o silêncio, a música ruim da academia, e enfim sós, eu e minhas panturrilhas.
Mas o bom puxador de papo, não se deixa vencer por um único "tá", o local é cheio de armadilhas para puxar assunto:
- Tá se preparando para o verão? Se bem que você nem precisa né, tá em forma [...]
É ai que se esconde a arma do inimigo puxador de papo - o elogio.
Ele espera intimidar a vítima, assim ela ficará encabulada e ao mesmo tempo com o ego inflado demais para se esquivar da sua conversa Titanic, por uns segundos a vítima sorri como quem pensa "estou em forma" - mas não se pode deixar levar, é um papo que começou com "Tá um calor, heim?" , vai terminar como? E ai gata, vamos malhar essas pernas lá em casa, tu me da uma chave de coxa, e segue o plano de queimar calorias! - Não, eu heim!!!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Ruídos da noite!

Minha casa está mudando de tamanho por conta do frio; mas espera, está um calor desumano! Mesmo durante a noite.
E do que é que eu estou falando Santa mãe de deus?
Estava eu aqui, confabulando comigo mesma sobre minha "nada mole vida" , numa daquelas conversas de MSN onde tudo começa com um "oi tudo bem" e logo a pessoa está questionando o fato de você nascer em 20 de abril e seu atualizador de horóscopo mostrar o signo de Touro - E alto lá! Você começou a falar com a pessoa agora, e ela já sabe quando você nasceu e qual seu signo, alto nível de stalkiação, ou maldição modernosa chamada "perfil" ? Enfim ... eis que vem a coisa.
Começa com o rotineiro barulho no telhado da lavandeira, você não dá importância porque você já é adulta, e não liga para um barulhinho no telhado.
-CAAAAABLAM!!!!
Agora você é uma adulta com olhos paralizados, corpo paralizado e mente trabalhando : tem o diabo de um ser lá fora, e agora está no andar de cima da sua casa, e derrubou algo. Todos os quartos ficam no andar de baixo e todos dormem, sendo assim, TEM O DIABO DE UM SER ESTRANHO LÁ EM CIMA!
É hora de você fazer a regressão diária, voltar a infância querida - ou não - e lembrar que o Beakman explicou que "ruídos da noite" nada mais são, que sua casa CRESCENDO OU DIMINUINDO por conta do calor que durante o dia aqueceu as moléculas, que se afastaram umas das outras aumentando a casa, e agora a noite, resfriaram e se aproximaram, diminuindo a casa - pense em mim pensando nisso quando criança - então tudo bem, é só a casa crescendo e diminuindo, NADA assustador.
Beakmam, faz uns bons anos que eu vi você explicar isso com toda a calma do mundo, mas no ápice da minha vida adulta, eu ainda não acredito nisso, e bem - VOU ME RECOLHER PORQUE O SER, AINDA ESTÁ LÁ FAZENDO BARULHOS FANTASMAGÓRICOS.
Boa noite, ou não.





segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Passo!


O negócio é que desde que eu me lembre de ser "gente", eu ouço que "é para o futuro”. Na pré-escola desenhei um Sol sorrindo e um pé de melancias, e ouvi a professora dizer "que lindo desenho, mostra que no futuro você será talentosa, mas melancias não nascem em árvores". Fui para o primário, chutei as partes quentes de um garoto até ele desmaiar e ouvi a diretora dizer para o meu pai “cuidado, pode ser sinal de um futuro complicado”, fui para o ginásio menstruei no dia da Educação Física e todos os coleguinhas viram e riram de mim, e ouvi desconsolada o consolo da professora “ você virou uma moça, e no futuro será uma mulher” , passei para o Ensino Médio tomei meu primeiro porre e ouvi o meu pai dizer ao pé da cama enquanto eu vomitava “nós temos parentes alcoólatras, o que você quer do seu futuro?”, me formei, fiquei anos na boa vida boêmia ouvindo “já pensou no que vai fazer do futuro?”, arrumei um pseudo-namoradinho praticante da desordem que repetia diversas vezes “eu sou o seu futuro” , desisti de ter um relacionamento sério exatamente por isso; decidi ir para um cursinho pré-vestibular, enrolar mais um pouco e passei a afirmar que estava “investindo no futuro”, passei no vestibular, entrei na faculdade, errei o curso, passei a beber mais ainda, ainda desenho o Sol sorridente e árvores de melancia, mentalmente eu chuto partes quentes de homens, resolvi que a ciência não me faria menstruar nunca mais - assim não preciso saber quando devo ser mulher – continuo comparando pessoas e miojos, e preferindo os tomates, e não , eu ainda não descobri que diabos o futuro tem com isso, e onde é que fica esse estágio da vida.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Mini Flashback de época;


De repente, você está no shopping com a família, pela 23° vez da sua vida, vendo árvores de Natal, luzes coloridas e ouvindo aquele dingou natalino que em 23 anos continua repetitivo e em excesso provoca alucinações. É ai que sua mente entra no clima do Natal, e você olha para os lados e se depara com milhares de pessoas pobres gastando o 13° com coisas inúteis para dizer que fazem parte da festa. Você nem precisa ter Síndrome do Pânico para sentir todos os sintomas da mesma, no momento em que começar esse processo cerebral, chamado "Compras de Natal".
O dingou toca, o Papai Noel - agora moderno, mecanizado que sobe e desce escadas, desce de balões, pula de para quedas e logo menos aparece numa rave- abraça criancinhas, as pessoas sorriem, tiram fotografias e se exibem com suas dezenas de sacolas de lojas pseudo-grifes.
Em alguns minutos o quadro muda, o Papai Noel estará sendo atacado por milhares de crianças que na verdade são serezinhos nojentos praticantes de pulsões e fases sexuais das quais você conhece porque leu Freud. E esse também é o momento que você vê os adultos, e entende o porque as crianças um dia precisam de tais atos repulsivos, é tudo um treino.
O dingou parece mais intenso agora, e é o momento em que sua família está demorando no balcão de pagamentos de uma dessas lojas pseudo-grifes, e você está impaciente do lado de fora, sentado num banco e observando o que era um shopping, virar o inferno. É o momento de reparar - reparar na tia com a blusa tamanho P e os seios tamanho extra-GG, na garota de 13 anos com estilo de avassaladora do funk para ser mulher antes da hora, no garoto emo, na família grande que levou todas as 366632239 crianças para passear no fast food, na moça usando um salto plataforma estilo "o homem pisou na Lua", no casal jovem de pouca beleza mas muito amor, e no casal com bebê onde por infelicidade a bebê puxou o pai - eis o conflito mental, que você retrocede seus 23 anos e pensa : o que diabos eu fiz da minha vida?
Cinco elencos de apoios, uma dúzia de figurações, um game em programa de domingo, uma apresentação de pirofagia ao vivo numa TV aberta, onde você entendeu a importância de um bombeiro, um evento infantil onde você descobriu que moldar balões é mesmo uma arte, uma promoção de colchões vestida de Bob Esponja onde vocÊ aprendeu a valorizar os caras fantasiados de Mickey distribuindo balas em dia das crianças, as dezenas de noites infelizes dançando em balada eletrônica e trabalhando no bar, onde você descobriu que era alcólatra, o atendimento call center de uma empresa aérea, onde você descobriu que aviões caem mesmo, e que viajar em terra firme é sempre mais seguro, desfiles onde você descobriu que repetir para si mesmo "eu não vou tropeçar" pode falhar, apresentações de comédia, onde você aprendeu que quem deve rir é a plateia, que em vestibulares, quem mete o louco sempre vence e isso vai valer na faculdade, e o mais importante: vodka, soda e suco podem causar coma alcoólico e vomito na frente do cara que você sempre sonhou chegar perto, e desde esse minuto, sonha em nunca mais ver.
E foi isso que eu fiz em minha vida ...
Ai o dingo volta a tocar, você volta para o shopping e decide que se jogar do terceiro andar na fonte das carpas, ainda não é uma boa ideia, afinal você nem teve status de relacionamento no Facebook, nunca pegou um diploma, não teve os seios tamanho extra-GG numa mini-blusa PP e não, você ainda não aprendeu que deve encenar comédia sem rir antes de terminar o tempo da piada.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Vai ser o queijo, o corredor, ou a platéia?


Que eu vivo em um constante looping de humores, acho que todos que convivem comigo, incluindo o gerente da farmácia que frequento semanalmente, sabem. O que eles não sabem, é que eu tenho dentro de mim uma enorme cisma, da qual sempre fujo: Tentar.
Eu não tento nada, tentar já me lembra fracasso, como se eu estivesse em uma grande corrida de queijos em uma ladeira - correr, ver o queijo rolar, e tropeçar nele pra rolarmos juntos e no fim, o queijo sair vencedor.
Não tento, ou consigo ou nem me dou ao trabalho. Ai vem a filosofia que "se não tentar nunca saberá se é capaz" ; mentira. De fato você sabe muito bem quando é ou não capaz, a variação ai vai do "querer" e do "possível". Se o queijo fosse gorgonzola por exemplo, eu não imaginaria corrida alguma, porque não iria me interessar pelo prêmio.
A questão é minha cisma, e eu cismo com muitas coisas mesmo quando não demonstro. E se eu disser "eu VOU", nem que seja a coisa mais absurdamente improvável, eu vou. E mais do que ir, vou querer ir com êxito total - tipo a corrida de queijos, e eu chegando na faixa com o queijo nas mãos.
Queijo inteiramente meu, com diversas marcas de outros competidores, ou um pseudo-queijo, aquele que um dia foi inteiro e hoje já é quase queijo ralado?
As pessoas precisam parar com esse ato depressivo de serem queijos rolando numa grande corrida de ladeira, levando diversas pegadas durante o percurso, pra no fim, se esborracharem numa pedra qualquer, e sobrarem apenas migalhas ...
... enquanto isso, eu prefiro não correr.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ao menos, não sinto.


Existe algo de errado nisso de sentir-se bem, longe do que se julga ser felicidade. É ver que enquanto todos correm em direção daquilo que desejam, você corre na direção oposta.
Até que sentir falta é bom, é sinal da necessidade, logo, da certeza.
Mas existe algo muito errado nisso de alimentar-se da saudade. É ver que enquanto os outros abraçam tudo aquilo que encontraram no caminho do desejo, você abraça apenas a si mesmo, peguntando ainda, se é o "eu" ou outro alguém qualquer.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!"
Charlie Chaplin;


Lindo, mas quero aprender como poe em prática.