domingo, 10 de outubro de 2010

Um dia são todos, todos são um;

Desembarquei na estação de costume, porém ela estava diferente.
A violência das gotas d'água contra um pequeno guarda-chuva, faziam tudo mais frio e solitário.
Meu corpo já estaria molhado em poucos segundos, mas minha alma mantinha-se indiferente.
Uma noite fria ou quente, molhada ou não, seria uma noite igual a todas as outras, caminhar comigo mesma já é uma rotina.
O elevador me pareceu particularmente mais lento.
Eu chego e me sento sozinha, minha compania é um livro, um caderno e uma caneta. As outras pessoas me parecem estranhas e inascecíveis.
Intervalo, as pessoas conversam animadas mesmo com o tempo ruim; Eu não, eu me sento em algum canto e fujo dos olhares presentes;
Sempre alguém me pergunta, porque estou triste; Não é tristeza, é só preocupação.
Acostumar-se ao silêncio foi tão fácil, que agora só vivo nele.
Tudo termina como começa, exceto que aprendi algo novo, e meus cabelos estão despenteados.
Embarco na mesma estação onde desembarco todos os dias, mas ela costuma estar seca;
Alguém resolve me acompanhar, mas não sei mais ser acompanhada, ralhei com a compania, não me calo diante de comentários inúteis, me incomodo.
São pessoas que defendem pontos de vista, sem ao menos terem idéia de como se forma uma opinião, são pessoas que elegem lideres como elegem reality shows ... são as pessoas que estão me cercando na estação. Todas falando, todas não dizendo nada.
Uma borboleta esta pousada em meio a uma multidão de pessoas vazias, ela não consegue voar; Meus sentimentos por ela são maiores do que por toda essa gente, porque ela, ela é pura. Caminho até ela, e a pego para coloca-la em algum lugar seguro, termino satisfeita, ela ali está salva. Toda aquela gente me olha estranho, para eles mais normal seria, se eu esmagasse a pobre, ele costumam esmagar-se uns aos outros.
Embarco novamente, me sento novamente, e da janela ainda posso ve-la. Ela bateu asas , mas não voou, ela partiu.
Eu abro meu livro enquanto eles falam de tudo sem conseguir falar de nada, falam de músicas com um estrondoso barulho que nada me passa, falam de programas de TV que nada me acrescentem, falam de política como se julgar a vida pessoal de tais, fosse o bastante, eles só falam, mas a boca abre e fecha sem que o cérebro possa trabalhar.
Eles são diferentes de mim apesar da semelhança. Eu sempre preferi os animais. Eles se comportam como animais, mas os animais comportam-se diferente deles.
Não é a classe social, nem a falta de alguma coisa, eu tenho tão pouco, mas tenho tudo. Talvez só me falte a compania, talvez eu ainda não precise.
Desembarco na minha estrada, meu caminho de sempre parece sempre estranho.
Mas agora eu estou em casa, são cinco dias descritos em um, não faz diferença, os cinco e um são exatamente iguais, exceto que em um eu vi a chuva.

5 comentários:

Bruna Karoline disse...

Lindo texto, suas palavras escreveram exatamente o que penso, muitos falam mas não dizem nada. Pois suas palavras futeis não me impressionam, só me daz sentir desprezo. :/
Adoravel, parabéns Teka !

Unknown disse...

Obrigada Bruna *-*

DISSIDENTES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DISSIDENTES disse...

E aí Terumy, adorei a parte da borboleta. Mesmo porque no domingo, quando estava dentro do Metrô, uma borboleta veio na minha direção, pousando no meu nariz. Peguei-a pelas asas e com cuidado a soltei na janela. Tenho certeza de que ela foi embora feliz por estar livre.
E eu, feliz por salvá-la!
Falô! Bjos!!!

Terumy Reybaud disse...

aaah!!! eu creio que as boas pessoas se revelam em pequenos gestos como estes que tivemos, de consideração pelo mais fraco, que de certa forma é tão forte quanto nós!