quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tudo o que eu preciso dizer, agora.

Por esses meses, eu venho mantendo em mim, uma bomba ... ela gira, de acordo com meu tempo vital. Um ano ... foi o tempo que eu levei, para descobrir quem eu era, do que eu era capaz, como eu via e sentia as coisas, o que eu gostaria de ter/ser no meu futuro ... o quanto de mim, eu precisaria dar para mim mesma chegar lá. Renunciei lutar por um grande amor, me concentrei em mim e só. Deixei de ir em algumas festas, de abraçar alguns amigos, de sorrir algumas noites, pra chorar sozinha, por estar me sentindo só, apenas com alguns livros frios. Me acostumei. Mas o tempo passa, e a gente colhe o que planta, como já dizem por ai ... e eu colhi um bom fruto, que me garante ser uma das poucas alunas vindas de escola pública, estar em uma das melhores Universidades do País. Mas a vida é mesmo uma caixa de surpresas.
Enquanto eu e minha família comemorávamos meu sucesso e a boa época financeira, meu melhor amigo estava em um hospital, recebendo a notícia de que a mãe, internada a algum tempo, havia falecido. Uma prova do tempo simultâneamente agir, dando alegrias a alguns e tirando-as de outros.
Mas as vezes, ela nos dá a alegria e já nos tira ... ou mantém e nos faz experimentar um dos piores sentimentos: oscilar entre o ótimo, e o péssimo.
Havia algum tempo, que minha mãe sofria de dores na mama direita, cerca de um ano e meio ... fez exames, mamografias, e nada. Porém, lá estava a dor, e agora mais frequente. Notou um sangramento, e então percebeu que algo deveria estar errado. Só depois de pagar um BOM exame, descobriu que poderia ser um dos muitos casos de câncer de mama do mundo. Encaminhada para um bom hospital, começaram os milhares de exames ... até que se achou um pré-câncer. ela iria ter de tirar toda a mama.
Eu me apavorei, não imagino como deve ser, eu sendo mulher, passar por uma cirurgia dessas. E nunca pensei fazer parte disso, direta ou indiretamente. E ali estava eu, disposta a fazer parte disso e acompanhar minha mãe em tudo que fosse possível, me desdobrando, me fazendo mil, entre estudos e cuidar dela.
Mas ela pegou uma ótima equipe médica, que garantiu o sucesso com a cirurgia. Após isso, ela estaria curada, e melhor, com um bom cirurgião plástico, para reconstruir tudo, sem pagar nada por isso.
O tempo foi passando, cruel e certeiro como sempre ... eu tinha que acordar as 5, ir para a faculdade, voltar as 14 ... chegar em casa, limpar tudo, cuidar da minha irmãzinha (uma criança muito forte por sinal) cuidar do meu pai ( muito fraco por sinal) .. fazer coisas de casa, pagar contas, cozinhar, cuidar dos gatos ... viver a vida de uma família inteira que teria que depender disso. Até minha mãe voltar.
Mais uma vez o tempo foi certeiro, e aqui estava ela, em poucos dias. Abatida, porque afinal ninguém sai corado e bonito de um hospital. Ai, eu virei também, enfermeira. Limpei curativos, fiz curativos, troquei dreno ... nunca pensei em sequer ver um dreno.
Enlouqueci em alguns dias.
Era muita coisa ao mesmo tempo ... faculdade, pessoas, trem cheio, casa, animais, família ... e uma vez me perguntaram "e quem é que cuida de você?" - pois é;
Depois de tudo estar bem, e ela ter voltado a suas atividades normais ( leves, claro) eu pude cuidar de mim. Fui ao meu antigo psiquiatra, levada por um grande amigo, porque realmente eu não estava nada bem. Ansiedade, crises de pânico, depressão, e quase desistindo da tão sonhada USP. Graças a fé e a ciência, umas boas conversas e um bom ansiolídico resolveram o caso, e estou estável.
Mas ai vem o tempo, não é?
Uma perícia médica pós-cirurgia, descobriu que minha mãe tinha de fato, um câncer e não pré-câncer. Ela necessita então, do tratamento específico. A famosa quimioterapia ... que leva 5 meses.
Mais uma vez, preciso ser forte, preciso ter foco, preciso doar o melhor de mim, para mim mesma, porque somente assim darei o melhor de mim para aquela que até hoje, fez o mesmo por mim;
Apesar disso tudo, eu até hoje, não devo ter derramado nenhuma lágrima. O que talvez aumente a minha dor, porque ela fica aqui, toda em mim. Passei esses meses sem mencionar nada disso, mas creio que o fato do medo da palavra CÂNCER, atrapalhe muito. Quantas pessoas já venceram ele? Quantas não venceram? - A diferença está em, como você o encara. Quando demonstramos medo, demonstramos a fraqueza. Não a um porque em não conseguir vencer, e isso vale não só pra isso, mas pra tudo na vida.
Amanhã é a primeira quimioterapia dela, e eu sei o quanto ela esta nervosa por isso. Assim como eu estou nervosa, por isso e por ter de lidar outra vez com tantas coisas ao mesmo tempo. Não vai ser fácil, mas a mais de um ano, nada tem sido fácil para mim ... desde um simples romance, até uma cadeira na universidade ... nada tem sido fácil, logo isso também não haveria de ser. Mas, umas coisa na minha vida, já deu certo, depois de muito sofrimento e muita luta, deu certo , então porque todo o resto não vai dar? - ah vai!
peguei um livro para finalizar aqui, com alguma frase ... pensei " a primeira página que nele abrir, eu leio e tiro algo" .. incrível :


"O segredo para a Saúde- Dr John Hagelin, Físico Quântico e especialista em Políticas Públicas: Nosso corpo, na verdade, é produto de nossos pensamentos. Estamos começando a compreender na ciência médica o grau em que a natureza dos pensamentos e emoções realmente determina a substância física, a estrutura e a função de nossos corpos;" - [ The Secret ]




*detalhe para as duas profissões do Dr John ... e para as duas coisas que eu estudo na Universidade de São Paulo. Estranho? Não ... a mente humana é maravilhosa!

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