sexta-feira, 8 de junho de 2012

Era uma vez ...


Indiferente do que se usa no contexto, pode ser uma maçã envenenada, um espinho em uma flor ou um sapatinho perdido. Tem também aquela que o príncipe é amaldiçoado e vira monstro, mas é salvo pelo amor da princesa e vira príncipe outra vez ( deve ser a fábula mais criativa e menos machista, afinal nessa a princesa faz algo útil além de ficar posando de vítima) . O fato em comum entre todas essas histórias, além de terem influenciado milhares de crianças tipo eu, a acreditarem no amor, é que em todas elas, o amor surge pra salvar alguém. Isso que eu me nego a falar sobre Sherek!
Não bastasse a gente ganhar bonecas e sermos empurrados a um destino fatal de procriar e sobreviver, estamos fadados a crer no amor como um tipo de salvação, tão amargo quanto crer que Jesus vai retornar a Terra pra nos salvar dos nossos pecados (se é que um dia veio, e se é que foi Jesus ...). Enfim, deviam fundar a Igreja do Amor, pra ficar mais forte o argumento inconsciente que temos de que ele vai nos salvar.
Ando muito incomodada com demonstrações afetivas, sejam elas reais ou fictícias. Você liga a TV e lá estão todas as novelas, com o foco principal em algum casal que sofre diversos imprevistos da vida, até que então podem ficar juntos. Você abre um livro, e uma frase que seja vai falar de amor, no meu caso, eu desisto da TV e resolvo curtir a família, e vejo meus pais que nunca brigaram e vivem num amor visível a anos (ok, esse eu não vou reclamar). Você ouve uma música ... bom, ai é suicídio. Me incomodo ultimamente. Me incomodo porque creio que nunca senti isso. E se um dia cheguei perto, algo do tipo roteiro de novela mexicana ocorreu, e me levou pro boteco mais próximo pra me fazer esquecer, ou ficar confusa e pensar " bom, eu devia ter imaginado ..." .
Eu não sei onde está o amor, também não sei se ele é capaz de vir até mim. Mas sei que eu gostaria que alguém fosse capaz de roubar meu coração, e me salvar do frio com uma piada boba, ou indo pro drama de crer que alguém poderia morrer, caso eu morresse também.
Mas meu príncipe deve estar muito ocupado salvando outras princesas ou bruxas ( coisa real dos contos de fadas nas nossas vidas, as bruxas), já que nos contos de hoje em dia a gente precisa sair por ai, sem saber quem precisa de um coração, ou quem já tem um que só está esperando por um "e foram felizes para sempre", nem que não seja pra sempre.

"Sem essa de pra sempre, é amor até deixar de ser." - Soulstripper

Um comentário:

?! disse...

Tem um livro infantil (autor chileno) em que um sapo é amaldiçoado pela bruxa má e transformado em príncipe. Ele recebe todas as honras do reino e vive infeliz por estar longe da sua sapa. Acho q ajuda a mostrar como às vezes achamos q o outro tem o que não temos e, na verdade, nós já temos tudo que precisamos se não usarmos a comparação.