segunda-feira, 14 de maio de 2012

Despersonalização;


"Noites sem dormir e dias desfocados. Pelo vidro da janela fechada, o ar parece úmido, talvez esteja chovendo. Poderia dizer exatamente se está ou não, se fosse um dia comum, mas hoje quem vê o dia é ela e não eu, e ela não sabe se sonha, ou se vive.
As pupílas dilatadas, e os olhos abertos como se pregados. A imagem que se forma na parede, se forma lá ou mais além do que se pensa? Diferente do corpo, as imagens podem se mover com leveza. Os músculos acompanham o ritmo dos pequenos choques involuntários que o cérebro confuso emana. As extremidades se congelam, como se perdessem a vida por conta delas mesmas. O senso de direção ela não sabe, mas algum lado do corpo adormeceu, tornando mais difícil a passagem do ar, que não sabe se passa, ou se finge.
O corpo contorcionista se dissipa do que deveria ser consciente, para que permita se ver. Ela se observa enquanto se move, sem sentir mover-se, sem saber se está acordada. Os sons são claros como toda a ação, reais ou não.
O despertar há de ser o mais incomum, quem acordou ela não sabe, assim como desconhece se dormiu, quem dormiu e quem vê. "

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