Pela brecha da
janela entreaberta entra sorrateira e fria uma brisa de lembranças gélidas.
Qualquer lembrança tem remetente. Você,
ele, os outros. Valha o esforço, o fim é
sempre o mesmo. Roupas espalhadas no chão, corpos separados pela vida, mentes
separadas pela ideia de ensaiar as palavras.
- Está tarde, preciso ir.
- Não pode ficar um pouco mais?
- Ficar para quê?
- Não sei...
- Nunca sabe. Vou indo.
- Te levo até o ponto!
Levanta, veste
as roupas tão frias quanto veste as palavras. Caminha tão somente no próprio caminhar
como quem se desloca pelo espaço sem
rumo. Acompanha como quem leva nada além de solidão. Despede-se e promete se fazer presente novamente, mesmo sabendo que já ali não está. Jamais esteve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário