quarta-feira, 24 de julho de 2013

Singular;

     Pela brecha da janela entreaberta entra sorrateira e fria uma brisa de lembranças gélidas. Qualquer  lembrança tem remetente. Você, ele, os outros.  Valha o esforço, o fim é sempre o mesmo.  Roupas espalhadas  no chão, corpos separados pela vida, mentes separadas pela ideia de ensaiar as palavras.



- Está tarde, preciso ir.
- Não pode ficar um pouco mais?
- Ficar para quê?
- Não sei...
- Nunca sabe. Vou indo.
- Te levo até o ponto!

     
     Levanta, veste as roupas tão frias quanto veste as palavras. Caminha tão somente no próprio caminhar  como quem se desloca pelo espaço sem rumo. Acompanha como quem leva nada além de solidão. Despede-se e promete se fazer  presente novamente, mesmo sabendo que já ali não está. Jamais esteve. 

Nenhum comentário: