Da aproximação ao silêncio constrangedor entre duas pessoas, o que cabe no vão que se faz entre a fala que nos falta ?
Couberam meus olhos fechados contra as luzes dos carros, que formavam com os faróis desenhos em minhas pálpebras, a preocupação com a bolsa sobre a mesa, desatino tão meu quanto a sua atenção exagerada ao ato despercebido.
Couberam as mãos inquietas, dois copos, cinco garrafas. Coube a sua camisa de algum time estrangeiro de futebol. Chile? Não cabe contabilizar o tempo, o país, o brasão ou a cor. Vermelha? Não, me recordo muitíssimo bem de ser azul... ou branca. Sua tatuagem eu não esqueço, no braço direito ou esquerdo está escrito coragem. Enquanto eu relia de olhos fechados, meu peito gritava: Covardia!
Quantas coisas mais, cabem no espaço vazio dos meus olhos calados?
Cabia a moça vendedora de amor da esquina, a música do bar que confesso, não me recordo um acorde por ter em mim cabido mais copos de cerveja do que os que cabiam sobre a mesa.
Couberam algumas lembranças, das mais próximas até as mais distantes. Do metrô até ali, do ali até a mesa, da conversa, seu sorriso, nossos risos, a barata voadora, meu grito, teu silêncio... ah, o silêncio!
Nós sabemos muito bem o que cabe no silêncio, nós. Os da minha cabeça, do meu cabelo, nossos dedos, bocas e devaneios. Nós.
Um comentário:
Cadêeeee vocêeeeeeeeeeeeeee?! Que nunca mais apareceu aqui.. que não voltou pra me fazer sorriiiiiiiiiiiiiiiir!
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