domingo, 13 de janeiro de 2013

Reciprocidade incompatível


Quando digo a palavra "amor" em qualquer frase que seja, ela tem sempre o sentido de amor coletivo, de família, amigos, animais de estimação, coisas assim. Amor foi a primeira palavra que eu consegui ler sozinha, quando tinha 4 anos. Mas esse outro amor, mais pessoal e direcionado, que foca alguém especial, eu não sei, não sinto que deveria também se chamar amor. Não é a mesma coisa! Nem é bonito. Não vejo beleza em sentir saudades ao ponto de sentir falta de ar, nem em ficar imaginando o que o outro está vivendo por ai, dando asas a imaginação; não acho bonito sentir ciúmes num nível em que parecem cortar cada um dos seus músculos com uma lâmina bem pequenininha. Não vejo beleza nenhuma em notar que em 7 bilhões de pessoas no mundo sempre venha a surgir uma com algo diferente, que você sente no toque, no gosto, no cheiro ... e vai perceber isso justamente quando não estiver sentindo o gosto em outro alguém. Não existe beleza em estar entre tantas pessoas amadas, e sentir-se só por faltar apenas uma pessoa que carrega consigo um amor inexplicável. Não existe beleza em esperar uma visita que não vem, uma ligação que não completa, uma mensagem que nunca chega. Não existe beleza em um amor tão egoísta, ao ponto de ser inimaginável que se divida.  Não é nada poético que o dia amanheça cinza mesmo que se faça sol, por se fazer ausente um sorriso, um único sorriso, nem é confortante fechar os olhos pra sonhar quando sabe-se que ao acordar, tudo estará acabado. Se eu pudesse comparar esse tipo de amor com algo, assemelharia a saltar de um penhasco; eu nunca saltei de um, mas só de fechar os olhos minha barriga congela com a sensação de que a única certeza, seria o fim.

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